Quais as melhores medidas adotar nesse momento: radicalizar no isolamento social ou liberar tudo? Está bastante claro que o momento em que vive, não só o brasileiro, mas o mundo inteiro, é muito grave. A pandemia pelo novo coronavírus tem provocado um importante debate: como combater a Covid-19, estancar o número de mortes e, ao mesmo tempo, retomar a economia? Há duas teses para resolver o problema: A primeira, defende o fim do isolamento social e a volta imediata ao trabalho; a outra, a radicalização do isolamento (o chamado lockdown) ou “tranca rua”, em bom português.

NN tem um posicionamento claro a esse respeito. É preciso, antes de tudo, defender a vida, para depois, retomar o crescimento econômico em novas bases sociais e políticas.

Argumentos não faltam para evidenciar a ineficácia dos argumentos de quem defendem a volta imediata ao trabalho. Para se combater uma contaminação altamente letal por vírus (4,8 milhões de pessoas em todo mundo, com 320 mil mortos, segundo acompanhamento da Universidade de Medicina Jonhs Hopkins, EUA), não é verdade que os países que não observaram o isolamento social conseguiram manter suas economias e combater o novo coronavírus. Os defensores dessa tese gostam de citar os casos da Coréia, do Vietnam e da Suécia. Mas, essas pessoas não levam em consideração cinco fatores fundamentais para que o isolamento não precisasse ser adotado:

  1. Que o país fizesse um mapeamento eficiente das contaminações com a realização de testes em massa (o Brasil é um dos países que menos testam suspeitos de Covid-19 no mundo);
  2. Que o país ofertasse à população uma abundante rede de leitos em UTIs (o Brasil já está colapsando seu sistema hospitalar, com quase 90% dos leitos de UTIs ocupados e milhares de pessoas aguardam agonizando na fila);
  3. Que o país tivesse um rigoroso controle de movimentação dos seus sistemas de transportes viários (no Brasil é quase impossível fazer isso);
  4. Que o país tivesse uma população consciente e disciplinada (o Brasil ainda não tem um povo com alto índice de disciplina e de consciência sobre a letalidade e os efeitos da doença) e;
  5. Que o país tivesse um planejamento centralizado e de comunicação nacional clara do governo (infelizmente, não é o caso do Brasil).

Naqueles países houve testes em massa, as redes hospitalares são fartas, controlaram a movimentação pelo país, as populações são disciplinadas e o governo planejou as ações. Tudo o que falta ao Brasil.

Além disso, são itens que fazem parte do comportamento político, econômico, social e cultural do povo e tem total apoio e estímulo dos seus governantes. Mesmo assim, a Suécia lidera o número de mortes e infectados em toda a península nórdica, e a Coréia já fala em adotar medidas de isolamento novamente, devido a volta de casos de infecção.

Raciocínio equivocado

No Brasil, a começar pelo governo federal, tem muita gente defendendo que é preciso deixar o povo se contaminar, contar e enterrar seus mortos de uma vez, desenvolver anticorpos e, assim, retomar a economia o mais rápido possível. Para defender essa tese, usam o caso italiano e apontam resultados positivos. No entanto, naquele país, os casos de contaminação e mortes aumentaram exponencialmente e a economia continuou caindo a níveis assustadores ao não adotar o isolamento. Resultado, a população exigiu que o governo adotasse o isolamento social como forma de enfrentar a contaminação.

Por outro lado, a Nova Zelândia (Oceania) adotou o bloqueio total (lockdown) logo que se viu diante do primeiro caso de Covid-19 no País. eliminou por completo a doença e já liberou seu território no último dia 13

Outros equívocos

Outros argumentos esdrúxulos são comumente usados, não só por autoridades brasileiras, mas também por parte da população; dizem que qualquer pandemia tem duração de no máximo 15 dias, como foi o caso do H1N1 ou da Peste Suína. Esquecem-se que em nenhum desses casos houve superlotação em hospitais.

Dizem que acidentes de trânsito ou AVC matam mais gente do que a Covid-19, mas, nenhuma delas é contagiosa e não lotam hospitais. Dizem que o problema é o número de pessoas que vivem aglomeradas, principalmente, nas periferias e que a solução seria retirá-las de suas casas. Ora, se é assim, então é de se supor que o novo coronavírus suba de elevador, no caso dessas aglomerações acontecerem em apartamentos! Dizem que o isolamento causa desemprego, perda de renda e leva o povo à fome. Ora, o que garante a manutenção da economia é um planejamento capaz de reduzir custos de todos os tipos, conceder créditos, subsídios e investimentos para a pequena e média empresa (que mais geram emprego e renda no país), o pagamento, de fato, do auxílio emergencial com eficácia (o que não aconteceu até agora), teste em massa, a criação de hospitais e de leitos em UTIs, entre outras medias.

Cloroquina

Mesmo o uso da Cloroquina ou da Hidroxicloroquina, como vem sendo divulgada e cultuada pelo governo federal tem “senões”. Qualquer estudante do primeiro ano de medicina sabe que esses medicamentos não têm eficácia no combate ao novo coronavírus se distribuídas em massa, como quer o governo federal. Ao contrário, é fator de risco e pode levar à morte. O deputado estadual bolsonarista Gil Vianna (PSL-RJ) morreu terça-feira (19) ao tomar a coloroquina. Por tanto, esses remédios só devem ser ministradas com rigoroso acompanhamento médico, mesmo não demonstrando grau de eficiência.

Mudaram de opinião

Personalidades que antes defendiam o governo e votaram em Bolsonaro começam a mudar de ideia. Fábio Faccio, dono da Lojas Renner defendeu, esta semana, atenções voltadas primeiramente à saúde e não para a economia. “Quem prioriza a saúde se recupera mais rápido da crise”, disse.

O vereador de Belém, PA, Sargente Silvano (PSD), também mudou de opinião. Antes, defendia o fim do isolamento e a abertura do comércio. Mas, ao perder o pai para a doença e ver 10 pessoas de sua família infectadas, passou a dizer que a Covid-19 “não é uma gripezinha”e que o presidente Jair Bolsonaro teria perdido o seu respeito. “Misericória Deus”, publicou na imprensa local.

E você, qual é a sua opinião a respeito?


 

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