A prisão do ex-PM e ex-assessor do então deputado e, hoje, senador, Flávio Bolsonaro (Republicanos, RJ), Fabrício Queiroz, na manhã do dia 18 de junho, em Atibaia, SP, pode ter consequências graves para o presidente Jair Bolsonaro.

A primeira consequência, é que, dependendo do que Queiroz falar, durante seu depoimento na Polícia Federal, o mandato do filho do presidente, o senador Flávio Bolsonaro, pode ser cassado. Isso, se Queiroz confirmar o esquema da “rachadinha” realizado no gabinete do então deputado, quando parte ou a totalidade dos salários dos funcionários eram devolvidos para Flávio. Queiróz era tido como “operador da rachadinha”. As investigações dão conta que Queiroz recolheu cerca de R$ 1,2 milhão de forma considerada atípica em sua conta, segundo relatório do antigo Conselho de Atividades Financeiras (Coaf). Além de outros R$ 900 mil sem explicações da origem. O filho do presidente também pode responder por obstrução da Justiça, já que Queiroz estava, há mais de um ano, na casa do Advogado Frederick Wassef, conhecido como “Anjo”. Aí as coisas começam a pegar para o presidente da República.

Wassef, o Anjo, esteve na recente posse do novo Ministro das Comunicações Fábio Faria, no último dia 17. Segundo apurou a jornalista Mônica Bergamo, da Folha, um interlocutor da Presidência da República confirmou que o advogado Frederick Wassef foi convidado para a cerimônia de posse do ministro por ser “amigo do presidente”. Ele, na verdade, é advogado de confiança da família Bolsonaro. Foi ele quem atuou no caso da facada em Jair Bolsonaro, ainda durante a campanha eleitoral e tem trânsito livre no Palácio do Planalto. Em entrevista à Globo em setembro de 2019, quando já abrigava Queiroz em seu sítio em Atibaia, negou que tivesse conhecimento do paradeiro do operador da “rachadinha”. Já o presidente se atrapalha quando é questionado sobre sua relação com o Anjo. Aos correligionários e apoiadores diz que ele é seu advogado de confiança, mas desmente quando questionado pela imprensa.

A reação do presidente à prisão de Queiroz é sintomática. Bolsonaro acredita que tudo não passa de um “cerco jurídico” para tirá-lo da presidência e culpa o Poder Judiciário por isso. Para ele, a deflagração de uma operação contra aliados dele por envolvimento em atos que pediam um golpe, o fechamento do STF e do Congresso, faz parte do que ele chamou de “emboscada”. Bolsonaro disse que “reagirá”. Vale lembrar que o relacionamento entre Jair Bolsonaro e Fabrício Queiroz é antiga. Foi o presidente quem apresentou Queiroz ao filho, Flávio, e há notícias de depósitos feitos por Queiroz na conta bancária  da primeira-dama, Michele.

Novo advogado

De advogado novo, Queiroz agora vai se defender na Justiça. Missão dura para o advogado Paulo Emílio Catta Preta, que defendeu o miliciano Adriano da Nóbrega, ex-capitão do Bope, acusado de ser o chefe de um grupo criminoso formado por matadores de aluguel, que ficou conhecido como “Escritório do Crime” – investigado por suspeita de envolvimento nas mortes da ex-vereadora Marielle Franco e Anderson Gomes, em março de 2018. O ex-capitão do Bope é amigo de Queiroz.


 

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