Não poderia ter sido de outra maneira, senão a representação popular mais genuína subir a rampa do Palácio do Planalto de mãos dadas ao presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva para entregar-lhe a faixa presidencial. Nada mais simbólico e representativo para coroar uma histórica vitória da democracia sobre a barbárie.

Acompanharam a emocionante cerimônia mais de 350 mil pessoas ao longo da Praça dos Três Poderes e na Esplanada dos Ministérios. A expectativa era grande. A primeira-dama Rosângela Silva, a Janja, organizadora de todo o cerimonial, guardou a sete chaves sobre quem entregaria a faixa presidencial a Lula. Quando o presidente chegou no início da rampa do Palácio, eis que o segredo foi revelado: oito pessoas, representantes da sociedade foram escolhidas para acompanhar Lula, além da cadela Resistência, adotada por Janja durante a vigília “Lula Livre”, em Curitiba. O gesto simbolizou e reforçou o compromisso do novo governo com a diversidade tão desprezada pelo governo anterior.

Um espetáculo que correu o mundo pelos principais noticiários. Mas, quem foram essas pessoas?

Uma criança

Francisco, 10 anos, morador de Itaquera, periferia de São Paulo. Corintiano roxo, faz natação e, em 2022, ficou em primeiro lugar no campeonato da Federação Aquática Paulista. Em 2019 esteve em Curitiba, PR, para dar “Bom Dia, presidente Lula”. É filho de uma assistente social e de um advogado que atuam nas causas sociais.

Mulher negra

Aline Sousa, 33 anos, é catadora de materiais recicláveis desde os 14 anos. Sua mãe e sua avó também são catadoras da cooperativa CENTCOOP-DF, em que é presidenta. Atua no Movimento Nacional de Catadores representando os catadores e catadoras do DF e é a Secretária Nacional da Mulher e Juventude da Unicatadores.

Um indígena

Nada menos que o Cacique Raoni Metuktire, 90 anos. Dedicou sua vida à defesa da Amazônia e dos povos da floresta. É reconhecido por indígenas e ribeirinhos como um dos principais representantes da luta pela preservação da floresta e dos povos amazônicos. Da aldeia Kraimopry-yaka, rodou o mundo pedindo paz e a saída de Bolsonaro da presidência da República.

Um metalúrgico

Weslley Viesba Rodrigues Rocha, 36 anos. É metalúrgico do ABC. Natural de Diadema, SP, é casado e pai de dois meninos. Formou-se em Educação Física com o auxílio do Programa de Financiamento Estudantil (Fies). Tem cursos técnicos de desenhista, matemática aplicada, eletricista e comandos elétricos do Senai da Escola Livre para Formação Integral “Dona Lindu”. É também DJ no grupo de rap Falange.

Um professor

Murilo de Quadros Jesus, 28 anos, é professor, formado em Letras Português e Inglês (UTFPR) e mora em Curitiba, PR. Atuou como professor de português como língua adicional na Universidad de La Sabana (Bogotá, Colômbia) entre 2016 e 2017 e foi bolsista Fulbright como professor de português na Bluefield College (West Virginia, EUA) entre 2021 e 2022. 

Uma cozinheira

Jucimara Fausto dos Santos. Após participar de um concurso de culinária na Vigília Lula Livre foi chamada para fazer pão e acabou cozinhando lá por dez meses. Hoje, cozinha na Associação dos Funcionários da Universidade Estadual do Maringá.

Um deficiente

Ivan Baron. Teve meningite viral aos 3 anos de idade que causou paralisia cerebral. É referência na luta anticapacitista e considerado um dos embaixadores da inclusão. É influenciador digital da inclusão, com mis de 450 mil seguidores no Instagram.

Um artesão

Flávio Pereira, 50 anos, é de Pinhalão, PR, esteve na “Vigília Lula Lire” durante os 580 dias ajudando nas atividades cotidianas.

Cadela Resistência

Resistência é o nome de uma cadela vira-lata que foi adotada pelos participantes da “Vigília Lula Livre”. Ganhou a atenção da agora primeira-dama Rosângela Silva, a Janja, que a adotou. Na cerimônia, lá estava Resistência subindo a rampa ao lado de Lula.


 

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