Pandemia: como o próprio nome já diz, o coronavírus não é um problema só da nossa região. O Brasil e o mundo sofrem severas perdas de vidas e perdas econômicas. Não se sabe tudo sobre a doença até o momento, mas é perceptível que, no Brasil, as populações mais carentes são as que vão pagar um preço mais alto nesta crise.

A periferia da Zona Norte passa com muitas dificuldades este período de enfrentamento à Covid-19, em especial o bairro da Brasilândia, que segue sendo o bairro com maior número de mortes da cidade de São Paulo até o momento. São 156 mortes suspeitas ou confirmadas por Covid-19.

Como é sabido, regiões periféricas carecem de políticas públicas mais eficazes e, nesta pandemia, isso infelizmente não mudou. Informações desencontradas e burocracia em obter ajuda do governo se somam a casas com poucos cômodos ou apenas um e tornam as periferias lugares propícios para descumprimento do isolamento social e, por consequência, o aumento dos casos de Covid-19. 

Solidariedade

Neste cenário, surge na Brasilândia um grupo de whatsapp com 217 integrantes de diferentes matrizes religiosas e políticas, com uma disciplina que só a solidariedade pode causar. Todas as questões que poderiam criar alguma discórdia são deixadas de lado para ajudar o bairro. Participam líderes religiosos, políticos, responsáveis por ONGs e, sobretudo, por lideranças locais. O grupo se propõe a fazer diferentes ações, mas majoritariamente, atividades de carro de som para levar informações fundamentais à comunidade e entregas de cestas básicas para possibilitar o cumprimento do isolamento.

Deste modo, a Brasilândia se torna um grande exemplo do que está ocorrendo em muitas periferias da Zona Norte e do Brasil; ausência de políticas eficientes, em especial, por parte do governo federal. Os próprios moradores estão assumindo a responsabilidade de evitar uma catástrofe humanitária.

Em momentos como esse, percebemos a falta que faz o Estado e seus serviços nas regiões mais empobrecidas e percebemos como a solidariedade será fundamental para superarmos esta crise.

Luiz Felipe krehan

Professor