No próximo dia 28 de maio comemora-se o “Dia Internacional de Luta Pela Saúde da Mulher” e o “Dia Nacional de Redução da Mortalidade Materna”. Datas importantes que nos remetem o quanto são necessárias melhorias nas condições de vida das mulheres, mais acesso à informação, divulgação de conhecimento e o combate às negligências em relação à saúde feminina.

Além do tabu que envolve o processo reprodutivo, educação sexual, a maternidade e o conhecimento do próprio corpo, a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) aponta, a dupla jornada de trabalho e o cuidado excessivo e centrado na família, como as principais causas dos “descuidos” que as mulher têm com à própria saúde. Simples exames periódicos e preventivos poderiam evitar grandes transtornos como o câncer de mama, a endometriose, a infecção urinária e o câncer do colo do útero.

O Instituto Nacional do Câncer (INCA) estima que até 2022 sejam diagnosticados no Brasil, 66.280 novos casos de câncer de mama por ano. O câncer de mama é o tipo de câncer que mais mata em todo mundo, entre as mulheres. Em 2018, ocorreram 2,1 milhões de casos, o equivalente a 11,6% de todos os cânceres estimados. Já o câncer do colo do útero atingiu 16.590 casos, com risco de morte para 6.385 mulheres. 

Segundo especialistas, as alterações que desenvolvem o câncer do colo do útero são descobertas facilmente no exame “Papanicolau”. E são curáveis na quase totalidade dos casos.

As iniciativas internacionais para a organização e conscientização das mulheres quanto à segurança ao próprio corpo vem desde 1984, com a realização do 1º Tribunal Internacional de Denúncia e Violação dos Direitos Reprodutivos, em Amsterdã, Holanda. Nesse evento, definiu-se que os direitos reprodutivos da mulher é a garantia de proteção social, da autodeterminação à maternidade, paternidade e à família. Debateu-se também as questões sexuais e o acesso aos benefícios do progresso científico.

No Brasil, essa discussão começou a ser debatida com a criação do Sistema Único de Saúde (SUS), em 1988, e com a instituição do

Dia Nacional de Redução da Mortalidade Materna, pelo Ministério da Saúde, com foco nas melhorias dos serviços no “pré-natal, parto e puerpério (pós-parto), além da capacitação dos profissionais deste atendimento”. 

Conforme relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 303 mil mulheres, ao redor do mundo, morreram, em 2015, por complicações no parto ou durante a gravidez. O mais impactante é que, segundo a OMS, 99% dessas efemeridades seriam evitáveis ou tratáveis.

A combinação de falta de investimento em sistemas de saúde, infraestrutura deficiente e pouca prioridade dada à saúde e aos direitos das mulheres levam a altos níveis de mortes por todo o mundo. Mas, para isso, é necessário investimento na saúde e acessibilidade a todas e o incentivo massivo às políticas educacionais dos nossos corpos sem preconceitos. Precisamos lutar diariamente para redução das mortes de mulheres em todos âmbitos sociais. Para que podemos viver com dignidade. Vamos nos cuidar!

 

Thaís Linhares

Cientista Social e mestranda da Unesp