Quando eu nasci, em 19 de setembro de 1959, em Porto Alegre, RS, meu pai não foi me visitar e nem me levou da maternidade para casa como costumam fazer os pais.

Segundo narrativa de mamãe, ele estava às voltas com uma homenagem a João Cândido, um homem negro que liderou a Revolta da Chibata, nome pelo qual ficou conhecida a insurreição dos marinheiros ao tratamento infamante e violento aos quais os tripulantes dos navios eram submetidos, inclusive surrados com chibatas.

Papai estava à frente deste evento que, pelo que soube mais tarde, nem ocorreu, por ter sido abafado por forças conservadoras e reacionárias. Esta história talvez tenha me deixado marcas sobre a importância da luta de nossos antepassados por conquistas de direitos mínimos garantidores da dignidade humana.

Nossos direitos de hoje, ainda que usurpados, atacados, vilipendiados, diminuídos são frutos de grandes batalhas que nossos ancestrais enfrentaram com força e coragem. Nada nos foi dado de presente! E nem nos será!

Assim como João Cândido esteve na liderança de uma rebelião para libertar os marinheiros do jugo dos seus exploradores, nós também teremos de ir para o “front” e lutar para que não sejamos exterminados por este ideário neoliberal e, por que não dizer, neocolonial.

Não à chibata aviltante! Nós, o povo brasileiro, podemos e devemos resistir para existir! Afinal, todo o poder emana do povo e em nome dele deve ser exercido!

Autoria
Carmem Cenira P. L. Melo é advogada, com especialização em negociação coletiva, economia do trabalho e sindicalismo, MBA em Gestão Pública e Auditora Fiscal do Trabalho aposentada. É colaboradora do CCN Notícias.
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