O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e o governador de São Paulo, João Dória (PSDB), decidiram trocar ofensas pelo noticiário, como se estivessem num octágono de MMA. A causa: a vacina chinesa CoronaVac que, até o momento, é, dentre as 150 vacinas que estão sendo elaboradas em todo o mundo, a que mais apresenta sinais de eficiência e em fase avançada de comprovação científica contra o coronavírus.

De um lado, Bolsonaro recusa-se a comprar a vacina, simplesmente, porque é chinesa, e, conforme querem os EUA, o Brasil tem que diminuir ou interromper o comércio com a China. De outro, o governador João Dória, que não perde a chance de lançar seu nome em nível nacional de olho nas eleições de 2022.

No meio da pancadaria está o povo brasileiro que, depois de assistir perplexo a perda de mais 155 mil vidas e mais de 5 milhões de infectados pela doença, pode perder a perspectiva de imunizar-se o quanto antes e voltar à vida normal.

O governador de São Paulo criticou duramente o presidente Bolsonaro após o anúncio do cancelamento da compra de 46 milhões de doses da vacina CoronaVac. “Um notório negacionista. Eu não faço política com a vacina”, disse Dória. O termo negacionista é utilizado contra àqueles que negam a gravidade da doença. Bolsonaro devolveu o insulto dizendo que não vai “impor medidas autoritárias só para esses nanicos projetos de ditadores, como esse cara de São Paulo aí”, disse. É que o governador afirmou em entrevista coletiva que a aplicação das doses da vacina seria obrigatória em todo o Estado. Na quinta-feira, 22, Dória voltou a lançar farpas contra Bolsonaro ao inaugurar um trem chinês da série 2500, na Estação Engenheiro Goulart, da Linha 13, da CPTM. "Só tem um passageiro que eu sei que não vai utilizar este serviço: o presidente Jair Bolsonaro. Porque ele não usa nada que é chinês”, disse.

A rusga entre os dois, antes aliados políticos, iniciou-se depois que João Dória especulou ser candidato à presidência da Repúbica em 2022.

Em relação à China, os ataques racistas de Bolsonaro parece não ter tido ressonância no país. O porta-voz da China no Brasil, Zhao Lijian, ignorou os ataques. "Acreditamos que essa colaboração irá ajudar na vitória final sobre o vírus na China, no Brasil e ao redor do mundo", disse. A China é o maior parceiro comercial do Brasil.