O pré-candidato à Prefeitura de São Paulo, Deputado Federal Guilherme Boulos (PSOL-SP), esteve nesta terça-feira, 30 de janeiro, na Zona Norte de São Paulo para conversar e, principalmente, “ouvir”, segundo suas palavras, demandas e necessidades da população, de líderes comunitários, de bairros e de religiosos. O deputado disse que já está programado para percorrer todas as 32 subprefeituras da cidade, ouvir tudo e a todos para, depois, construir em conjunto o seu plano de governo.
CCN Notícias acompanhou parte da agenda do pré-candidato que, pela manhã, esteve no Jardim Fontallis, depois seguiu para o Jardim Peri Alto e, no final da tarde, no bairro do Lauzane Paulista.
O pré-candidato que lidera as pesquisas de intenção de votos, ouviu de líderes comunitários e religiosos problemas e dificuldades que encontram, principalmente, quanto à regularização fundiária e a falta de moradia digna. Apontaram também problemas na formalização do Cadastramento de pessoas em situação de rua ou para a distribuição de cestas-básicas na região. “É muito devagar”, reclamou a Missionária Andreia Regina Pacheco. A Mãe de Santo Ruth Cintra (Candomblé) também citou a falta de regularização dos terreiros que não podem funcionar. Segundo Ruth “é por puro preconceito” do poder público. O Padre Erli, da paróquia Sagrada Família, também aponta o preconceito contra as religiões de matriz africana que, segundo ele, manifesta-se já desde a escola. O Pai de Santo Daniel aponta o preconceito e a discriminação das autoridades públicas um complicador para o exercício da fé. Já o integrante da Umbanda, Leandro Ribeiro, apontou a necessidade de todos os religiosos se unirem em uma só voz e agradeceu a presença do pré-candidato. “Agora temos alguém que nos ouve. Esse projeto político que está na Prefeitura hoje não nos representa”, disse. A Pastora Elaine, do Templo da Glória de Deus, disse que agora pode acreditar que com uma nova voz na Prefeitura, a região poderá, enfim, ser contemplada.
Segundo a última pesquisa eleitoral realizada pela Atlas Intel e divulgada no último dia em 2023, Guilherme Boulos liderava com folga a corrida à Prefeitura da Capital com 29,5% dos votos. Em segundo, vinha o atual prefeito, Ricardo Nunes (MDB), com 18%. Ricardo Salles (PL), que anunciou nesta quarta-feira, 31/1, desistência da candidatura, tinha 17,6% e Tábata Amaral (PSB), 6,2%, entre os melhores colocados na pesquisa.
CCN Notícias – Pesquisa da Rede Nossa São Paulo aponta que apenas 17% da população de São Paulo aprova a gestão do atual prefeito Ricardo Nunes (MDB). A imagem da Câmara Municipal também é péssima. A que o senhor atribui o prefeito, agora, às vésperas das eleições fazer obras por toda a cidade?
Guilherme Boulos – Essa pesquisa é uma expressão do sentimento da cidade. A gestão de Ricardo Nunes é catastrófica. É o pior prefeito da história da cidade. São Paulo tem dinheiro, é a mais rica da América Latina, tem o terceiro Orçamento do Brasil, só fica atrás da União e do Estado de São Paulo. Então, não é por falta de recursos, não é por falta de estrutura. Aqui não se faz política pública e é por incompetência, mesmo, e por envolvimento da Prefeitura com esquemas. Isso é público e notório. Mas, às vésperas das eleições tem obra pra todo lado. Esse método já é conhecido. Ricardo Nunes ficou três anos sem fazer nada, agora resolve trabalhar. Qual o resultado? Obras sem planejamento, muitas vezes, malfeitas, superfaturadas e com denúncias no Tribunal de Contas. E pior, atrapalha a vida da população, porque são obras que poderiam ser feitas ao longo de quatro anos.
CCN – Quais as primeiras iniciativas o senhor pretende realizar uma vez eleito?
Boulos – Primeiro a gente precisa ganhar as eleições. Eu estou me dedicando. Eu quero rodar todas as 32 subprefeituras de São Paulo. Hoje, abarcamos o Cachoeirinha, Tucuruvi, Santana, Peri Alto, Jardim Fontallis e Lauzane. Quero ouvir as pessoas e entender quais são os principais problemas de cada região, já que São Paulo é um país, tem 12 milhões de habitantes.
CCN – Quais as demandas que o senhor está ouvindo?
Boulos – A primeira é a questão da moradia digna e a regularização fundiária. Ouvi isso há pouco de mais de 20 lideranças comunitárias. E estamos falando também de combate às enchentes, de córregos que não são canalizados corretamente, como o Córrego do Bispo, no Jardim Peri. A segunda demanda são áreas de lazer e parques. Na Brasilândia, por exemplo, não existem áreas de lazer. No Peri Alto, a única área de lazer que o povo utiliza para caminhar, fazer seu churrasquinho é uma obra abandonado do Rodoanel. Quero saber também sobre as reivindicações das áreas do Esporte e da Cultura. O terceiro ponto que mais ouvi foi “os cuidados” em áreas delicadas como a Educação, Saúde e, principalmente, os Idosos. A Zona Norte é a área com maior índice de idosos da cidade e essa é a tendência da curvatura da faixa etária da cidade e não temos uma política adequada que sirva de referência aos idosos. Faltam geriatras para o atendimento especializado e não tem espaços de recreação.
CCN – Em relação à Segurança Pública e a cracolândia, por exemplo?
Boulos – São temas gerais da cidade. Temas chaves. Precisamos fazer de São Paulo uma cidade mais humana, mais segura e mais inovadora. Estive agora com a Prefeita de Paris (França), Anna Hidalgo, e com autoridades de em Shangai e Beijing (capital da China) para conhecer soluções inovadoras e seguras sobre esses temas. Eu quero elaborar um plano a partir de março. Vamos reunir um grupo de especialistas para isso. Eu já me reuni com mais de 60 ex-secretários de gestões populares da cidade e vamos construir esse plano juntos. São temas de responsabilidade do governo do Estado, mas a Prefeitura tem o seu dever de atuar no monitoramento, na ampliação da Guarda Civil Metropolitana. Eu quero dobrar o efetivo.
CCN – E a sua relação com a Câmara Municipal?
Boulos - Espero que a gente possa eleger uma bancada ampla do campo progressista e comprometida com o nosso projeto. Vou atuar pessoalmente na eleição de vereadores e vereadoras. Isso é muito importante. Estou sentido isso como deputado federal. Sou base do governo Lula na Câmara Federal. Eu coordenei a campanha de Lula em São Paulo e quando olho pra lá, temos apenas um terço dos deputados na base aliada. Aprovar qualquer projeto é muito difícil, as negociações são muito duras e eu espero que a gente possa fazer uma boa bancada para colocar tudo o que estamos pensando em prática.