Entender o Bolsonarismo é fundamental para combatê-lo. Além disso, precisamos de uma dose cavalar de paciência, empatia e, sobretudo, determinação.

Recentemente, tive oportunidade de conversar com um amigo, o João, que ainda defende as ações do atual presidente e isso me deu um “start”. O que leva uma pessoa que mora na periferia da cidade de São Paulo, não tem emprego formal e até mesmo passa por dificuldades financeiras, a defender um governo que não o defende?

Precisamos parar, respirar, trancar numa caixinha as políticas implementadas pelo atual governo e fazer um exercício de descolar a pessoa com a qual deseja ter um diálogo da figura presidencial.

Adianto que não será uma tarefa fácil e tão pouco terá resultados rápidos. É preciso termos em mente que essa pessoa que você irá conversar pode estar em grupos ou listas de transmissão sendo bombardeada 24 horas por dia, 7 dias por semana, desde sabe-se lá quando. Sim! Demoramos muito para perceber as movimentações obscuras. E sim! Tiveram muito êxito nisso.

Vamos somar alguns fatores que contribuíram para essa pessoa acreditar em tudo o que recebe por meio do whatsapp: desde quando o ano de 2003, parte da imprensa passou a atacar cotidianamente o governo progressista que foi eleito e suas figuras mais fortes na perspectiva de destruir sua imagem, o descontentamento teve como estopim as jornadas de junho de 2013, instituições religiosas mais conservadoras passaram a ocupar espaços que historicamente foram ocupados por partidos aliados à esquerda, em plena campanha eleitoral o candidato tido como “salvador da pátria” sofre um atentado, todos os dias e sem tempo para pensar, essas pessoas recebem dezenas de mensagens com notícias falsas, com linguagem simples e direta, sempre tirando a responsabilidade pelos problemas do País das costas do Presidente e transferindo para outrem, geralmente seus opositores.

Se fizermos esse exercício veremos que não será em uma conversa de 5 minutos e em tom raivoso que iremos fazê-la mudar de opinião. Precisamos entender e praticar que o caminho é o diálogo de coração aberto e muitas vezes tapando o nariz, mas sem perder o foco que é plantar uma sementinha ali, mostrar que as angústias dela também são as suas, fazer a pessoa perceber por conta própria que está em um emaranhado de Fake News, sendo usada como massa de manobra e que a primeira coisa que deve fazer é sair daquele grupão do Zap e vir para a vida Real.

Conquistar corações e mentes não é uma tarefa fácil! Mas, nunca foi tão necessário!

Autoria
É Professor da Rede Estadual de São Paulo, Mestre em Estado, Governo e Políticas Públicas pela FLACSO, atualmente responde pela Secretaria de Formação da Federação Estadual dos Trabalhadores em Educação no Estado de São Paulo (FETE-SP).
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