A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou no último domingo (17) o uso emergencial de duas vacinas contra a Covid-19, por unanimidade; a Coronavac, desenvolvida pelo laboratório chines Sinovac e o Instituto Butantã, e a vacina desenvolvida pela Universidade de Oxford, o laboratório AstraZeneca e a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Ambas ainda precisam de mais análises e acompanhamento para registro definitivo.
A aprovação da Anvisa significa que as vacinas são seguras, têm qualidade e são eficazes. Com isso, elas já podem ser aplicadas imediatamente.
Segundo o ministro Eduardo Pazuello, a expectativa é que a aplicação comece nesta semana para os grupos prioritários (trabalhadores da saúde, idosos com mais de 60 anos, populações tradicionais, população de rua entre outros.
Em São Paulo, minutos após a leitura do último voto dos cinco diretores da Anvisa, o governador João Dória Jr. iniciou a vacinação. A enfermeira Mônica Calazans, de 54 anos, funcionária do Hospital das Clínicas e no Instituto de Infectologia Emílio Ribas, foi a primeira brasileira a ser vacinada.
A segunda pessoa a ser imunizada foi o enfermeiro Wilson Paes de Pádua, 57 anos, do Hospital Vila Penteado, na Zona Norte (foto da capa). “Estou muito feliz, acho que nós temos que lutar pela vacina, lutar pela ciência, para melhorar a saúde e sair dessa pandemia. Me sinto muito orgulhoso e feliz desse momento”, disse Wilson.
Ele contou que perdeu colegas e foi infectado pela Covid-19 em junho, enquanto atuava na linha de frente da pandemia. “Pensei que ia morrer, tinha momentos que rezei para Deus pensando que estava partindo”.
Em seguida, foi a vez da primeira indígena do país. Vanusa Kaimbé, 50 anos, que é técnica de enfermagem e assistente social, presidente do conselho dos indígenas Kaimbe do Estado de São Paulo. Ela vive na “aldeia Kaimbé filhos da terra”, em Guarulhos.
No total, segundo informou o governo do estado, 112 profissionais de saúde foram vacinados neste domingo (17).
Das 6 milhões de doses que estavam no Instituto Butantã, 4,6 milhões, aproximadamente, serão enviadas para o governo federal que serão distribuídas pelo país. As outras 1,4 milhões serão distribuídas pelo estado de São Paulo.
Promoção política
Evidente, que o governador de São Paulo, João Dória, não poderia perder a festa, já que está em franca disputa política com Jair Bolsonaro pelos holofotes da vacina. Ao lado da enfermeira Mônica Calazans, lá estava o governador para tirar a foto história e aproveitar para dar acenos à campanha presidencial de 2022. Em seguida, em entrevista coletiva, Dória atacou os “negacionistas” e os "flertam com a morte", sem citar nominalmente seu inimigo político, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Imediatamente, o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, respondeu às críticas do governador e, em coletiva de imprensa, ironizou chamando o ato de Dória, como “jogada de marketing” e disse que o início da vacinação estava “fora do protocola e fora da lei”. Pazuello disse ainda que nenhum estado terá autonomia para coordenar a vacinação sem autorização do Ministério da Saúde.
"Reafirmo que a coordenação do plano nacional de imunização é do Ministério da Saúde, por medida provisória, por força de lei. As seis milhões de doses serão entregues simultaneamente, e a vacinação começará também simultaneamente. Qualquer movimento para além disso, está em desacordo com a lei", disse.
Analistas da grande imprensa apressaram-se em dizer que o governador João Dória teve uma enorme vitória política sobre Bolsonaro e saiu na frente à corrida presidencial de 2022. Do ponto de vista do marketing e de campanha, sim, mas, no frigir dos ovos, o eleitor não pode esquecer que foi João Dória que encaminhou à Assembleia Legislativa os PL 529/2020 e o PL 627/2020 que propunham o corte de mais de R$ 1 bilhão das universidades estaduais e da Fapesp no primeiro projeto; e de mais de R$ 500 milhões da Fapesp, no segundo. Ambos foram aprovados na Alesp, mas com a exclusão da Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo), por pressão dos partidos de oposição. A Fapesp é um órgão ligado à Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação do governo do Estado, e é responsável por fomentar a pesquisa e o desenvolvimento científico no Estado e no Brasil.
Serviço
Já está no ar o site https://vacinaja.sp.gov.br/ para que o munícipe possa se cadastrar caso esteja incluído em um dos critérios estabelecidos pelo Plano de Vacinação.
Vacinar-se é salvar vidas. De acordo com estudos, a vacina desenvolvida pelo laboratório chinês Sinovac e o Instituto Butantã evita 100% contra casos graves e moderados e 78% contra casos leves.
Cronograma
O cronograma estabelece cinco etapas de vacinação. Na primeira fase, a previsão é que 9 milhões de pessoas sejam imunizadas, com a aplicação de 18 milhões de doses.
Estimativa
Até o dia 28 de março, a estimativa é que quase 20% dos 46 milhões de habitantes do estado estejam imunizados com as doses da Coronavac.