O governo Bolsonaro contratou a empresa BR+ Comunicação por R$2,7 milhões para identificar e monitorar jornalistas, professores, advogados, sociólogos, engenheiros e influenciadores das redes sociais que, segundo o governo, seriam considerados “detratores” da Pátria. De acordo com o dicionário, “detrator” significa “traidor”.

A lista aponta 50 nomes divididos em três grupos: os traidores, os neutros e os favoráveis. Em contrarresposta às críticas, a empresa sugeriu ao governo que faça desde o devido “esclarecimento” sobre as medidas econômicas adotadas pelo Ministro da Economia Paulo Guedes, até o “monitoramento preventivo”.

A empresa até se desculpou pelo uso do termo “detrator”, mas o estrago já foi feito. Além de nomes divulgados, a lista traz os respectivos telefones celulares e endereços de e-mails das pessoas.

O sociólogo e professor, autor de “A classe média no espelho”, Jessé Souza, disse que foi “surpreendido” com a ação do governo. “Isso é inconstitucional. É muito perigoso, porque estimula a perseguição e mostra a degeneração do Estado nas mãos de pessoas que formam esse governo. É uma prática fascista e por pessoas que têm ligações com as milícias. Essa lista, na verdade, é uma senha”, disse Jessé, durante uma live transmitida pelo youtube. “Tem que ter uma resposta do judiciário”, comentou.

Outro espionado, o engenheiro Eduardo Moreira, disse que “ninguém gasta R$ 2,7 milhões para uma empresa copiar o primeiro parágrafo do meu Wikepedia e sugerir que o governo me envie relatórios de economia”. Para o engenheiro, identificado erroneamente pelo “relatório” como economista, o relatório deu um “recado”. “Por isso, quero deixar registrado que, hoje, dia 2 de dezembro, que eu, minha família, e as pessoas e suas famílias, que foram citadas nesse relatório estão correndo riscos”, afirmou. “Os fanáticos bolsonaristas receberam uma senha e eu fui acusado de ser detrator por um governo que tem uma legião de seguidores que não se furtam em usar métodos necessários para eliminar quem eles consideram ser do mal”, avaliou. Eduardo Moreno aconselhou que todos aqueles que estão na lista, a não se surpreenderem se histórias inexistentes forem contadas, ameaças a membros das suas famílias forem feitas ou investigações sobre suas realizações forem deflagradas, porque essa iniciativa “é para entendermos a senha que foi dada”, finalizou.


 

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