A jornalista Milly Lacombe e o comentarista esportivo Walter Casagrande Jr. lavaram minha alma em dois artigos publicados na imprensa nesta semana. Ambos comentam os casos de estupro em que os jogadores da seleção brasileira Daniel Alves e Robinho estão envolvidos.

Milly fez um arrazoado em que destaca o fato da justiça espanhola ter mantido a prisão de Daniel Alves por ter como exemplo a fuga de Robinho da Itália, e pelas fartas provas materiais apresentadas. Mas, também pelo fato da mulher que sofreu a agressão sexual não ter pedido indenização financeira.

Na opinião de Milly, e a minha também, toda mulher estuprada tem o direito de pedir indenização. Acontece que, geralmente, o machismo enraizado logo aponta um possível “aproveitamento da situação por parte da mulher, jogando dúvidas sobre suas palavras”. Invariavelmente, o estuprador e seus defensores apressam-se em expor a mulher, chamam-na de vagabunda e destroem sua dignidade, situação que a forçam, fatalmente, a um estado de depressão.

No Brasil, a cada dez minutos uma mulher é estuprada e, mesmo assim, há subnotificações. Vale lembrar que forçar um beijo ou um ato libidinoso qualquer já é considerado estupro. Não precisa haver penetração.

Já o comentarista Walter Casagrande abordou o fato de Daniel Alves ter contado a quinta versão sobre o episódio. E, desta vez, tenta inverter os fatos como se ele tivesse sido o estuprado. “A nova versão é uma tentativa de fazer todos de idiotas. Mas, principalmente, a vítima”, disse Casagrande.

Convenhamos, se Daniel Alves tivesse falando a verdade, não precisaria mudar sua versão a cada depoimento, não é mesmo?

E quanto ao silêncio de outros famosos e ricos aqui no Brasil sobre este assunto é, simplesmente, abjeto. O estuprador não pode ser aceito ou tolerado. Estuprador é estuprador não importa a classe social ou etnia.

Acredito que o Ministro da Justiça, Flávio Dino, tem um papel fundamental nesse momento, em acatar o pedido da justiça italiana para que o estuprador Robinho cumpra sua pena no Brasil.

O caso “Daniel Alves” tem tudo para ser histórico na luta das mulheres; a polícia agiu rápido, a mulher foi protegida em sua honra, a justiça atua de forma dura e cumpre a lei.

Concordo também com Casagrande: a iniciativa da justiça espanhola não pode ser um caso isolado e a extradição de Robinho para que cumpra sua pena em regime fechado no Brasil tem que acontecer, sob pena de ser uma desmoralização para a justiça brasileira.

Chegou a hora de se colocar um basta nesse comportamento criminoso de homens canalhas e oportunistas que usam o corpo da mulher à força ou sob qualquer tipo de coação.

Não é não!


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