Foi com imensa alegria e grande satisfação que recebi, na última quarta-feira, dia 16 de novembro, o convite para integrar a equipe de transição do governo Lula e compor, junto com valorosos companheiros(as), as discussões sobre a temática dos povos originários.

Para mim, que nasci na periferia da cidade e que exerço o quarto mandato como vereadora e agora eleita deputada federal, é uma imensa honra poder contribuir com o governo eleito democraticamente pelo povo brasileiro.

Vou aprender com tantas pessoas qualificadas e com vasta experiência, mas estou convicta de que todos são guiados pelos compromissos firmados nas lutas   populares.

Sou filha de pai da etnia Terena que veio do Mato Grosso para São Paulo.

Desde 2019, os povos originários do Brasil são tratados como inimigos por esse desgoverno que está findando pelas vias democráticas.

Seus direitos à terra, o acesso à saúde e outras políticas públicas foram e são solenemente desrespeitadas pelo governo federal.

O “trator da boiada passa” sem piedade na devastação das florestas e avança velozmente sobre as terras para exploração desenfreada dos recursos naturais.

Mas essas “boiadas passando”, sob a complacência deliberada do atual governo federal, vão ter fim.

Com Lula temos a certeza de que não vamos retroceder. Ao contrário. A reconstrução do Brasil será pautada pelo respeito ao meio ambiente e aos direitos dos povos originários.

As ações do governo Lula vão resgatar os mecanismos eficazes de fiscalização e de punição aos infratores de crimes ambientais.

E também vão fortalecer a FUNAI com o necessário e urgente respaldo às atuações dos órgãos representativos dos povos originários.  

A indefinição sobre a demarcação de terras é principal causa dos conflitos. A definição do marco temporal é o principal desafio que teremos em Brasília.   

Na cidade de São Paulo, vivem 12.977 pessoas autodeclaradas indígenas, das quais três mil estão em aldeias demarcadas nos bairros do Jaraguá e de Parelheiros, e as demais em contexto urbano, segundo o Censo 2010, do IBGE.

Desde do meu primeiro mandato, em 2009, estou ao lado das etnias que moram na cidade de São Paulo, seja na defesa das terras que são alvos da especulação imobiliária, seja na tentativa de retirada do atendimento à saúde indígena.

Aliás, um dos meus primeiros projetos de lei aprovado na Câmara, em 2010, foi a criação do Conselho Municipal dos Povos Indígenas.

Conselho criado para participação ativa no desenvolvimento de projetos e políticas públicas voltados às suas comunidades, além de terem preservadas a cultura e a estrutura social, tanto dos povos aldeados, quanto os que vivem em contexto urbano.

Mais do que nunca, precisamos dar voz aos povos indígenas, inclusive com a criação do Ministério dos Povos Originários.

Nada mais justo para mitigar essa imensa dívida histórica para com os povos indígenas. Afinal, são eles que têm a sabedoria de preservar o Planeta Terra e assim garantir o futuro da vida para novas gerações.