Com a decisão do Ministro Edson Fachin de anular as condenações do ex-presidente Lula, o tabuleiro político para 2022 mudou completamente. Nenhuma peça permaneceu no mesmo lugar. Bolsonaro sentiu o golpe e já vê seu favoritismo ruir rapidamente, passando a jogar na defensiva. A centro-direita praticamente deixa de ser uma opção viável e caminha para nem ter candidato. Ciro Gomes se fortalece como a única força de centro e o PT, com Lula, volta a unificar quase toda a esquerda e ser atrativo ao centro em um projeto plenamente capaz de ganhar de Bolsonaro e governar.

Com toda essa movimentação, o governador do Maranhão, Flavio Dino, que é um grande jogador, não poderia permanecer na mesma função. Se antes da elegibilidade de Lula, o PT com o frágil nome de Haddad não conseguia unificar a esquerda, Dino se apresentava como um nome capaz de articular com diferentes grupos certa unidade – sendo o único nome bem visto entre ciristas e petistas. Sem Lula, a briga dentro da esquerda estava gerando um cenário catastrófico para 2022: com uma esquerda dividida e enfraquecida e uma centro-direita ganhando cada vez mais protagonismo na oposição a Bolsonaro. Só Dino se esforçava abertamente em tentar construir um ambiente mais favorável a alianças ou pelo menos convivência civilizada entre os diferentes grupos dentro da esquerda.

Se com a volta de Lula, Flavio Dino deixa de ter pretensões presidenciais – já tendo declarado apoio ao petista e até mesmo antes da decisão judicial que beneficiou Lula ter retirado seu nome da disputa ao Planalto como forma de articular a união da esquerda, fica evidente que o papel de Dino, definitivamente, mudou para 2022.

As qualidades que o colocavam como um ótimo presidenciável o mantém como um jogador importante para o próximo pleito. Muitos de seus apoiadores gostariam de ver uma chapa composta por Lula e Flavio Dino, mas por mais que essa composição mexa com os ânimos da militância, Dino sabe que a esquerda precisa ter uma estratégia nítida e eficiente para recuperar o voto de centro no primeiro e, principalmente, no segundo turno. Nos últimos tempos, Dino vem se mostrando extremamente disposto a sacrificar projetos pessoais por um cenário mais amplo. Acredito que ele não reivindicará o cargo de vice de Lula para permitir que uma figura de centro ocupe a vaga e coloque em prática a estratégia que ele defende há tempos e que Lula se mostrou disposto a seguir.

Então, o que Flavio Dino fará em 2022? Além de ser eleito Senador e possibilitar sua sucessão afastando, cada vez mais, os Sarneys do poder no Maranhão, Dino foi eleito pelos Deputados Federais, um dos melhores governadores do Brasil. Ele, assim como seu partido, tem boa relação com evangélicos do nordeste, com Rodrigo Maia e com Ciro Gomes, além de agremiações que vinham tendo atritos com o PT, com o PSB e com o Solidariedade. Dino tem plenas condições de ajudar Lula na articulação politica para 2022, possibilitando que a esquerda avance sobre amplas parcelas do eleitorado – seja no primeiro ou no segundo turno, através da estratégia da frente ampla encabeçada por Lula. Eventualmente, em um futuro Governo Lula, é difícil imaginar Flavio Dino ocupando algum Ministério de segundo escalão. Ele provavelmente seria mais bem aproveitado em algum Ministério ligado à articulação política.


 

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