O PT E AS ELEIÇÕES MUNICIPAIS - Parte 2 Para o PT, já começaram em 2022

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Na primeira parte da análise sobre o PT e as eleições municipais, falei sobre o desempenho do Partido nas eleições de 2020, quando se apresentou ao eleitorado totalmente dividido. Resultado pífio, o rebaixou a um amargo sexto lugar nas eleições.

Pois bem, nesta segunda parte, falo sobre como o partido se prepara para as eleições do ano que vem, tendo como perspectiva os respectivos desempenhos nas eleições de 2012, de 2016 e propriamente a de 2020.

A primeira constatação ao analisarmos os resultados eleitorais dessas três últimas eleições, tanto para vereadores(as), quanto para prefeito(a), é possível verificar uma acentuada queda do PT, tanto no número de votos obtidos, quando no efetivo número de vereadores eleitos.

Nas eleições majoritárias, Fernando Haddad obteve 29% dos votos válidos, no primeiro turno, nas eleições de 2012. Em 2016, caiu para 17%. E Jilmar Tatto, em 2020, como sabemos, atingiu a humilhante sexta posição, com 8,7% dos votos. Quer dizer, o PT desabou eleitoralmente.

Nas eleições proporcionais (vereadores/as) e os auferidos à legenda, o fenômeno foi o mesmo. Em 2012, o PT obteve 19,65% dos votos válidos. Em 2016, conquistou 15,90% e, em 2020, a queda foi para 12,76%. A terceira diminuição de bancada na Câmara Municipal seguida. De 11 eleitos, em 2012; caiu para 9, em 2016; e na última caiu novamente para 8 vereadores(as). A legenda também vem recebendo menos votos absolutos a cada eleição. De 327.886 votos conquistados em 2012, caiu para 91.257 votos nas eleições de 2020.

Aqui, a primeira constatação é que o Partido não investiu o suficiente em trabalho de base e não conseguiu formar novas lideranças regionais para substituir parlamentares históricos que se elegiam deputados estaduais e ou federais.

Em 2024

As próximas eleições, em 2024, será sem dúvida um grande desafio para o PT. Ao que tudo indica, a legenda não terá uma candidatura própria para disputar a Prefeitura de São Paulo. Isso não acontecia desde o longínquo 1985. Em 2022, o atual presidente Lula, a presidenta nacional do Partido, Gleisi Hoffmann, e o presidente estadual Luiz Marinho selaram um acordo com o então candidato a governador Guilherme Boulos e com o candidato à presidência da República, Juliano Medeiros, ambos pelo PSOL, para que retirassem suas respectivas candidaturas em benefício de Fernando Haddad (governador) e de Luiz Inácio Lula da Silva (presidente).

Embora o acordo tenha sido estabelecido, anunciado e chancelado, hoje, começa a nascer uma fortíssima resistência dentro das fileiras do Partido, em especial pelas mãos do então candidato à prefeito Jilmar Tatto e de seus seguidores, que negam o acordo. Novamente, o PT estaria à beira de cometer os mesmos erros de 2020?

Convenhamos, o PT necessita urgentemente superar essas questões. É preciso provocar e incentivar, desde já, discussões nas bases do partido, antes que esse imbróglio se torne outro grande problema político e impeça a formação de uma grande chapa de candidatos(as) capaz de evitar a quarta diminuição seguida da bancada. Ou o PT supera rapidamente esta possibilidade de impasse ou poderá cometer os mesmos erros das eleições de 2020.

Como todos sabem, vários vereadores experientes elegeram-se deputados estaduais e ou federais, em 2022. Ao todo foram cinco companheiros. Os cinco que saíram, quando elegeram-se vereadores conquistaram 276.333 votos. Os cinco que os substituíram, elegeram-se com 77.768 votos. São quase 200 mil votos de diferença.

QUADRO COMPARATIVO ENTRE OS ELEITOS E OS QUE ASSUMEM

* (1) Era o primeiro suplente de Vereador e se elegeu Deputado estadual com 108.726 votos.

Não será nada fácil para o PT conseguir manter o nível de atuação, principalmente, com densidade eleitoral baixa e com visível distanciamento das bases e dos movimentos sociais. A meu ver, seria necessário – e aqui vai uma proposta - manter militantes experientes nesses novos gabinetes que tivessem ligações diretas e com base social para alavancar as performances eleitorais em 2024. Afinal, não podemos exigir desses novos e valorosos companheiros(as) que acabam de assumir um mandato na Câmara o mesmo desempenho eleitoral dos que acabam de sair. Seria um grande contrassenso político, pois ainda não têm a mesma densidade, apesar do compromisso que todos sabemos que têm.

VOTOS QUE OS ELEITOS À ALESP E À CÂMARA FEDERAL TIVERAM EM 2022

* (1) o Vereador Alfredinho foi eleito segundo suplente de Deputado Federal com 97.063 votos e Orlando Silva do PC do B o primeiro suplente com 108.059 votos; Ambos assumiram nas vagas dos Ministros Alexandre Padilha (PT) - 140.037 votos e Paulo Teixeira (PT) - 122.800 votos.

Para piorar (ou não) o cenário, é bom lembrar que, por força da legislação, a Federação Brasil da Esperança (composta pelo PT, PCdoB e PV) deverá manter-se para as eleições de 2024. Um fator que deverá ser tratado com extremo cuidado pelo PT, porque o PV, por exemplo, poderá ter um bom potencial de votos na cidade e eleger vereadores. O mesmo pode acontecer com o PCdoB que, certamente, seguirá sua tática de “centrar fogo” em um ou dois candidatos para elegê-lo(s).

FEDERAÇÃO BRASIL DA ESPERANÇA EM 2020

VOTAÇÕES DESSES PARTIDOS NAS ELEIÇÕES DE 2012, 2016 E 2020

ELEIÇÕES PROPORCIONAIS DE 2020

Partido Verde

Partido Comunista do Brasil

ELEIÇÕES PROPORCIONAIS DE 2016

Votação da Coligação PT/PDT/PR//PROS

Votos Válidos: 5.360.595 votos: 55 = 97.465 votos (Quociente Eleitoral).

Votação por Partido da Coligação

Vereadores(as) eleitos pela Coligação

ELEIÇÕES PROPORCIONAIS DE 2012

Votação por Partido da Coligação PT/PP/PSB

Votos Válidos: 5.711.364 (81,28%) votos: 55 = 103.843 votos (Quociente Eleitoral).

Vereadores(as) eleitos pela Coligação

ELEIÇÃO PARA PREFEITO: 1º TURNO EM 2016

ELEIÇÃO PARA PREFEITO: 1º TURNO EM 2012

ELEIÇÃO PARA PREFEITO: 1º TURNO EM 2012

Fonte: TRE-SP / TSE / UOL / G1

Pesquisa: Professor Duarte / Militante do PT Santana

Autoria

Roselei Julio Duarte é Professor de História e Diretor de Escola.

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