Entidades representativas e blocos de Carnaval de São Paulo protocoloaram, nesta sexta-feira, 3 de março, um manifesto em que analisam a organização do carnaval de rua em São Paulo neste ano e demonstraram total descontentamento com o Prefeito Ricardo Nunes e com a Secretária Municipal de Cultura, Aline Torres, os quais devem, cumprir “com seu papel de gestores de política pública” e escutarem quem de fato “constroi a cultura viva dessa cidade: os blocos de carnaval de rua”.

Segundo o manifesto “o agigantamennto” do Carnaval de rua da cidade veio combinado com escolhas da gestão que, segundo os coordenadores dos blocos, têm “prejudicado a existência do carnaval livre, comuntário, participativo e democrático”.

Para os signatários do manifesto, a prefeitura não confia nos blocos de rua e vice-versa. “Nunes e Torres sentaram-se com empresários, patrocinadores e receberam a imprensa, mas não conversaram, de fato, com quem faz a festa”.

O manisfesto deixa claro que as entidades não aceitarão em silêncio o “declínio dos laços territoriais, à extinção de blocos tradicionais e o cerceamento da livre manifestação cultural”.

Os blocos reclamam que a prefeitura ignorou o conhecimento histórico acumulado, além de excluí-los das negociações. “O carnaval de 2023 foi marcado pela ausência de transparência, confusão de informações, descaso com os dados, desentendimento e ameaças durante o planejamento e execução da festa”, diz o manifesto. Os integrantes também reclamam da tentativa da Prefeitura em “falar em nosso nome”.

O fato é que a Prefeitura tentou impor um modelo de organização para os blocos de carnaval de rua semelhante aos da Virada Cultura, do Réveillon e até do Carnaval do Anhembi. Para os blocos esse modelo não funciona, é altamente desrespeitoso e ataca princípios e tradições carnavalescas.

O Carnaval de Rua não é mais uma atividade na agenda da Prefeitura. É um patrimônio histórico e cultural, construído comunitariamente e precisa ser respeitado em sua complexidade. O modelo de gestão do carnaval de rua deve ser próprio e específico às peculiaridades, construído democraticamente e com a participação popular.

O manifesto diz ainda que, até hoje, vários blocos ainda não receberam os valores prometidos pela Prefeitura. Muitos cancelaram a festa exatamente por conta da insegurança financeira. Apontam também a inaceitável brutalidade policial que não mediram esforços para que os blocos desocupassem as ruas. Houve muita violência, gente machucada pelos cacetetes, mulheres levando pontapés na costela, invasões de desfiles, presenças ostensivas e agressivas, ameaças e etc.

Os blocos dizem que já acionaram a Defensoria Pública para investigar os casos.

O show de proibições, violência policial, toque de recolher entre outras decisões desorganizadas e deserespeitosas são fruto da falta de diálogo da Prefeitura com os blocos democráticos da cidade, além de representar uma concepção de carnaval que tenta impor uma agenda política moralista, conservadora e violenta, racista, misógina, homofóbica, transfóbica e anti-culutura.

Ao final, o manifesto confida o Prefeitura e sua secretária de Cultura que revejam tais concepções e, efetivamente, aceitem a negociação como fator determinante para a festa. Os blocos afiram que seguirão celebrando o carnaval de rua, os laços comunitários e culturais, apesar da atual gestão. “São Paulo pulsa constantemente no compasso dos nossos tambores. Não calarão nossa festa”.

Assinam a Carta Manifesto; Arrastão dos Blocos, Comissão Feminina do Carnaval de Rua de SP, Fórum de Blocos de SP, ABASP, UBECRESP, OCUPA-SP, TREME-SP e dezenas de blocos.


 

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