O dicionário diz que a palavra “mentira” significa “ato ou efeito de mentir, enganar, falsear, fraudar. “Mentira” é uma afirmação ou negação falsa dita por alguém que sabe da falsidade, mas espera que o seus ouvintes acreditem no que diz. A mentira é contada quando uma pessoa tem a intenção de enganar a outra.
Para a psicóloga, professora e conselheira da Apeoesp (Sindicato dos Professores do Estado), Laila Adorno, quando a criança mente, para ela, a fantasia e a realidade caminham juntas. Cabe ao adulto confrontá-la até que ela perceba que pode ter se enganado. “Mas, quando o adulto mente, é certo que estamos diante de um transtorno, de uma patologia”, explica. “Já em relação às pessoas que acreditam nas histórias sabidamente irreais contadas pelo mentiroso, essa patologia ganha o nome de ‘mitomania’. Ou seja, o mentiroso compulsivo convence grande parte das pessoas que passa a achar que suas histórias são reais. O mentiroso, nesse caso, ganha poder e o seu ego vai crescendo de uma tal forma que o próprio mentiroso passa a acreditar na mentira”, diz a psicóloga.
Laila aponta o desenrolar de uma eleição como cenário ideal para se verificar essa patologia. “O candidato a um cargo no Executivo fala com tanta convicção e certeza sobre coisas que são sabidamente impossíveis de serem feitas, que o eleitor acaba acreditando que é mesmo possível realiza-las. Nas religiões isso também acontece”, diz.
Laila Adorno explica que, geralmente, uma pessoa que acredita na mentira, tem um histórico de vida difícil, tem muito medo, é insegura, tem a autoestima baixa, tem depressão e etc, mas encontra na mentira um escudo e pensa assim; “se ele (o mentiroso) se deu bem dessa forma, então vamos acreditar nisso”.
Quando alguém tenta confrontá-la com a realidade e a verdade dos fatos, essas pessoas passam a agir agressivamente.
Como reverter?
Laila Adorno diz que, as pessoas mentirosas precisam de terapia ou de psiquiatra, porque, às vezes, passar por medicação. “Os políticos que estão no comando e são mentirosos compulsivos, não se importam em passar por cima das pessoas. Mas, quando essas pessoas se vêm prejudicadas pela mentira dita e protestam, o mentiroso diz que ‘foi brincadeirinha’, ‘maneira de falar. Está nítido que são pessoas descontentes consigo mesmas, mas não deixam de mostrar que têm poder”, diz. Laila explica que, na psicologia, isso caracteriza-se como uma doença mental e a solução é medicamentosa.
Em relação aos que acreditam na mentira, Laila diz que, mesmo sabendo que ‘não estão se dando bem’, continuam acreditando na mentira, porque imaginam que um outro grupo de pessoas ainda estão ‘se dado bem’. Até que um dia surtam, passam mal e se arrependem.
Há estudos que comprovam que os mentirosos compulsivos também têm outros tipos de patologias e de transtornos de personalidade: são ‘narcisistas perversos’, quando têm o prazer de ver outra pessoa ou grupo se dando mal. Pensam, exclusivamente, nelas próprias e nas pessoas que a seguem. Não aceitam o diálogo e gostam de se sobressair sempre. Segundo Laila, quando alguém o contraria, o mentiroso tende a desqualificar essa pessoa. O mentiroso compulsivo fala bem de você quando está presente, mas fala mal quando você não está presente. Para Laila, “o hábito de mentir já vem de infância”, diz. “Provavelmente, cresceu em uma família que já mentia o tempo todo e nunca foi corrigido. Ao contrário, foi alimentada. Mentem para disseminar a dúvida e reverter, a seu favor, aquilo que já é consenso. Nunca se falou tanto de assédio, racismo e de coisas que a gente achava que estavam entendidas. Mas, não. As pessoas deixaram esses conceitos adormecidos e agora vêm com tudo”, disse a psicóloga.
Pessoas dessa qualidade são difíceis, porque são frágeis. Criaram uma moldura ao seu redor para passar por cima do outro e alimentam sua mentira com puro ódio.
A mentira como método de governo, deve ser repudiada e denunciada. Infelizmente, apesar de desonesta, muitas vezes a estratégia funciona, porque engana. Parte do povo acredita e apoia. Resta saber se o Congresso Nacional, o Supremo Tribunal Federal o Superior Tribunal de Justiça, a Justiça Eleitoral e a grande imprensa vão corroborar com quem mente e engana o povo.