Boas notícias sobre as vacinas contra a Covid-19 foram divulgadas recentemente trazendo ao mundo a esperança de que a pandemia seja controlada o mais rápido possível. A revista científica The Lancet publicou resultados preliminares de que a vacina russa Sputnik V tem eficácia de 91,6% contra a doença e de 100% para casos moderados e graves.

Também foram divulgadas as taxas de eficácia da vacina da Novavax (89,3%) e a da Janssen (66%).

Além disso, os resultados sobre a eficácia das vacinas da Pfizer/BioNTech (95%), Oxford/AstraZeneca (82,4%), Moderna (94,1%) e Sinopharm (79%) também foram publicados. É importante esclarecer que as vacinas em desenvolvimento não necessariamente impedem a transmissão, mas tem como foco principal impossibilitar casos graves e óbitos por Covid-19. Importante também ressaltar que a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda taxa de eficácia de no mínimo 50%.

Teve mais duas boas notícias sobre o tema: o Brasil é um dos países que vai receber milhões de doses da vacina desenvolvida pelo consórcio internacional Covax Facility, criado pela OMS, e o comunicado da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) que retirou a exigência dos testes em fase 3 das vacinas. A medida não remove a exigência da entrega de todos os documentos de comprovação de eficácia necessários, mas modifica os requisitos mínimos para uso emergencial. Essa medida facilita o uso emergencial da vacina Sputnik V, que não está em testes no Brasil, mas com pedido pendente na Anvisa.

Mas, é claro, vivendo no país governado por Jair Bolsonaro, as notícias ruins e assustadoras, infelizmente, são diárias. Até agora, o governo Bolsonaro não contratou a vacina da Janssen (que é testada no Brasil), não solicitou a OMS aumento da quota de 10% para 50% de doses e, ainda, mesmo já estando em fevereiro de 2021, não apresentou um Plano Nacional de Imunização. Em suma, estamos na contramão do mundo com essa omissão do governo Bolsonaro frente o planejamento do plano de vacinação. O Brasil tem e mostra todos os anos que é capaz de vacinar mais de 80 milhões de pessoas em três meses. Temos estrutura e tecnologia para o desenvolvimento de vacinas.

Mas, para Bolsonaro, o único líder ainda negacionista das Américas, que propaga fake news sobre tratamento precoce para Covid-19, desqualifica o instituto público que desenvolveu a Coronavac, e afirma que ele mesmo não vai se vacinar, a ignorância e a falta de sensibilidade com as famílias que perderam entes queridos vítimas da doença, a Covid-19 não passa de uma “gripezinha”. Não à toa tem sido constantemente chamado de genocida. Política de morte.

*Alexandre Padilha é médico, professor universitário e deputado federal (PT-SP). Foi Ministro da Coordenação Política de Lula e da Saúde de Dilma e Secretário de Saúde na gestão Fernando Haddad na cidade de SP.


 

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