É fato que a queda da média móvel diária de mortes por Covid-19 no Brasil está diretamente ligada à vacinação da nossa população, mesmo com apenas 20,6% dos brasileiros totalmente imunizados (com duas doses ou dose única) e cerca de 49% com a primeira dose.

A barreira de proteção da vacinação é muito significativa para a redução de internações e óbitos pela doença de determinados grupos, apesar de ainda não sabermos por quanto tempo dura a manutenção da imunidade.

É muita irresponsabilidade definir uma data para o fim da pandemia como muitos já fizeram, incluindo representantes do governo brasileiro. Muitos países no mundo estão com taxas de vacinação mais avançadas que nós, mas, mesmo assim, há muitos casos da variante delta, como também há casos por aqui. A pandemia não vai acabar quando realmente acabar, como declarou um dos diretores do Centro de Controle de Doenças; a pandemia "não acaba até que acabe".

Decretar reaberturas das atividades neste momento é seguir o trajeto da morte de um país que vive a sua maior tragédia humana e que tem risco real de, até o final do ano, ser o país com o maior número de mortes confirmadas por Covid-19 no mundo. Por isso, é imprescindível que todos tomem as duas doses da vacina e, mesmo imunizados, tenhamos a consciência de permanecer com as medidas de prevenção, usando máscara, evitando aglomerações e cumprindo regras sanitárias.

Ainda estamos em ritmo lento de vacinação e, apesar das vacinas que temos disponíveis nos protegerem de todas as variantes, há possibilidade do vírus reproduzir outras variantes. Infelizmente, poderão surgir mutações do vírus resistentes às nossas vacinas atuais.

Não sabemos se isso será em dois meses ou 10 anos, mas temos que torcer para que isso aconteça quando o mundo tiver melhor capacidade de vacinação com produção em maior escala.

Para que estejamos seguros, precisamos transformar as vacinas contra a Covid-19 em bens públicos e suspender o monopólio das patentes das empresas produtoras dos imunizantes. Se a produção das vacinas permanecer lenta, novas variantes não vão parar de surgir e as vacinas não vão chegar a tempo nas populações mais vulneráveis e com comorbidades.

O mundo tem que ter capacidade anual de produção das vacinas o mais rápido possível. O que era mais difícil de descobrir - as vacinas - a ciência encontrou a luz no fim do túnel em curto período de tempo, inclusive, com mais de uma plataforma de tecnologia.

O mundo precisa se proteger e decretar a produção em larga escala das vacinas contra a Covid-19 ou não vamos conseguir conter essa crise sanitária que, mesmo após sua estagnação, terá impactos sanitários, sociais e econômicos trágicos a longo prazo.

Autoria
Alexandre Padilha é médico, professor universitário, Ministro das Relações Institucionais da Presidência da República e deputado federal licenciado (PT/SP). Foi Ministro da Coordenação Política no primeiro governo Lula, da Saúde no governo Dilma e Secretário da Saúde na gestão Fernando Haddad na cidade de SP. É colaborador do CCN Notícias
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