“Ordem do Dia”, publicado no Diário Oficial de ontem, 30 de março, e assinado pelo Ministro da Defesa, Gal. Braga Netto, e demais chefes das Forças Armadas, exalta o golpe militar imposto ao Brasil, em 31 de março de 1964, que perseguiu, prendeu, torturou e assassinou centenas de brasileiros que se opunham ao regime. A Nota assinada pelo pré-candidato a vice-presidente na chapa de Jair Bolsonaro, Gal. Braga Netto, diz que o “movimento” foi um “marco histórico” e que “refletiu os anseios e as aspirações da população da época”.

O regime ditatorial (1964-895) fechou o Congresso Nacional, impôs atos e leis de exceção, incluindo a censura, exilou, cassou mandatos eletivos e perseguiu acadêmicos, artistas, cientistas e personalidades da nossa cultura.

Para a tristeza e infelicidade da Nação, a Ditadura Militar foi um regime que mergulhou o país na corrupção, fez gestão econômica desastrosa, condenou o trabalhador a conviver com uma inflação altíssima. Por outro lado, a Ditadura conduziu a economia sob interesses das multinacionais e dos governos dos EUA. Um desastre em todos os aspectos.

Segundo a Comissão Nacional da Verdade, há registros de que, pelo menos, 434 brasileiros forma mortos ou “desaparecidos” durante a ditadura militar. Mais de 8,3 mil indígenas perderam a vida naquele período em razão de ações praticadas ou toleradas pelo regime. Estima-se que 50 mil pessoas tenham sido presas por razões políticas, tendo cerca de 20 mil delas submetidas a torturas.

O atual vice-presidente, Gal. Hamilton Mourão, também exaltou o regime de exceção dizendo que a ditadura “salvou” o Brasil. De que?

A política econômica do governo Bolsonaro, um saudosista desse regime infame, tal e qual os seus “ídolos”, causou um grande desastre na renda do trabalhador. No trimestre dezembro de 2021, janeiro e fevereiro de 2022, a renda encolheu 8,8% em comparação ao mesmo período do ano passado. A renda média caiu de R$ 2.752 para R$ 2.511, segundo Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua), divulgada hoje, 31 de março pelo IBGE. A taxa de desemprego também aumentou; 11,2% chegando a 12 milhões de pessoas. Existem cerca de 40 milhões de trabalhadores informais no País. Já o índice de famílias endividadas no governo Bolsonaro é, hoje, de 77,5%. Um escândalo.

Jornais comemoraram o golpe de 64

Quando o então presidente João Goulart foi deposto, em 1964, as manchetes dos principais jornais da época estamparam: “Ressurge a democracia” (O Globo); “Democratas dominam toda a nação” (O Estadão); “Em defesa da lei” (Folha). Mal sabiam que suas “convicções colaboracionistas” cairiam por terra tempos depois, com a invasão das redações, prisão e morte de jornalistas e, por fim, a censura. A ameaça comunista rondava o país, diziam seus efervescentes editoriais que, afinal, jamais se comprovou. Goulart propunha debater institucionalmente reformas de base, como direitos trabalhistas às empregadas domésticas, novas universidades e institutos federais, um inédito programa de financiamento educacional, programa de moradia popular, inúmeras obras que gerariam milhões de empregos, além da estatização de setores estratégicos para o desenvolvimento da economia nacional, com investimentos no setor de energia e de política de preços dos combustíveis, e a reforma agrária etc. Os interesses econômicos da elite nacional e norte-americanos logo se apressaram em divulgar a tal ameaça comunista. A igreja e a classe média foram às ruas marchar “Com Deus, pela Família e a Liberdade” contra o comunismo.

Hoje, mais do mesmo

Desde que assumiu a presidência da República (até mesmo antes), o presidente Jair Bolsonaro faz questão de demonstrar apreço pela volta do regime autoritário. Seus discursos têm padrão de ação que visam atacar direitos sociais, as instituições democráticas e o Estado Democrático de Direito no Brasil. Bolsonaro já atacou o Poder Judiciário, a liberdade de expressão, a ciência, juízes que investigam a corrupção em seu governo, jornalistas, acadêmicos e artistas.

Ao contrário do que pensa e age, Bolsonaro é obrigado a se submeter à Constituição e não tem o poder que subjugar e descumprir as leis, entre eles, aquele dispositivo constitucional que considera o regime pós 1964 como uma “ditadura militar”.

Evidente que há semelhanças entre aquele hediondo regime e o que Bolsonaro quis implantar no Brasil. Bolsonaro é considera “genocida” não só no Brasil, mas em todo o mundo, por ter desprezado os efeitos da Covid-19 (CPI no Senado comprovou isso, além da busca de propina para aquisição de vacinas). Bolsonaro ignora a preservação ambiental e colocou a Amazônia em risco, bem como as terras indígenas para a exploração desenfreada da madeira e de minérios.

Bolsonaro continua perseguindo opositores políticos, ataca os direitos humanos e faz troça da carestia e do alto custa de vida.

Não há nada a comemorar

Não há o que comemorar neste 31 de março. Seu legado é a morte, a corrupção, as trevas e as mentiras tão cultuados pelo atual governo federal.

Segundo o site “Aos Fatos”, Bolsonaro já deu 5.140 declarações falsas e ou distorcidas ao País, em 1.184 dias de governo (4 por dia). A primeira grande mentira é dizer que em seu governo “não tem corrupção”. Segundo o site, ele já disse isso 191 vezes. Justamente no mesmo instante em que o Ministro da Educação cai por ter declarado em gravações de áudio confirmando corrupção no MEC.

Bolsonaro, desde o início, não se preocupa em se defender das denúncias de corrupção flagrante de seu governo, muito menos preocupa-se com as mentiras e ou distorções que diz. Bolsonaro está mais interessados em atacar as instituições, enfraquecer os órgãos de controle (Polícia Federal e a Controladoria Geral da União).


 

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