O Jardim Damasceno, pertencente ao Distrito da Brasilândia-Freguesia do Ó, é um dos muitos bairros da Capital carentes de políticas públicas e, por tanto, um dos que lutam por infraestrutura e condições dignas de vida. Com a pandemia do Covid-19, a situação se agravou e seus reflexos ainda podem ser vistos ainda hoje. No entanto, não fossem o trabalho assíduo e diário das pessoas que administram o Espaço Cultural Jardim Damasceno, as coisas poderiam estar ainda piores. Acontece que este Espaço Cultural corre risco de ser despejado do local, pelo Prefeito Ricardo Nunes, onde está instalado há muitos anos.

O Espaço surgiu depois que um galpão de madeira foi erguido, provisoriamente, pela Prefeitura, quando um desabamento ocorrido no início dos anos 90, na região, vitimou algumas crianças. O galpão serviu para abrigar as famílias, enquanto era providenciado moradias adequadas.

Com o tempo, o espaço passou a ser utilizado pelos moradores para debaterem os problemas do bairro, além de realizarem diversas atividades, como exposição de arte, apresentações musicais, de teatro, saraus, atendimento para reforço escolar, esportes, debater os problemas relacionados às mulheres, exibição de filmes, biblioteca e horta comunitária.

No entanto, desde esse tempo, a comunidade vem travando uma luta com o poder público pela preservação do Espaço nas mãos da comunidade ou, pelo menos, uma gestão compartilhada. A prefeitura, ao contrário, nunca se predispôs a discutir e sempre alegou que o local era “área de risco”, o que justificaria o desalojamento pura e simples. O que contraria, inclusive, um parecer da Secretaria do Verde e do Meio Ambiente que disse não haver problemas para a ocupação definitiva. Todos os trabalhos ainda são voluntários, sem nenhum investimento ou apoio público. As despesas são do próprio bolso da comunidade.

Segundo Fernando Santos, um dos articuladores do Espaço Cultural, uma das reivindicações conquistadas pela comunidade foi a integração do galpão como um Centro para a Criança e Adolescente (CCA), que promove atividades para crianças e adolescentes de 6 a 14 anos e onze meses. No entanto, a Prefeitura decidiu, mesmo assim, encerrar os serviços alegando falta de condições no local, sem dar contrapartidas. A população se organizou e foi até ao Ministério Público, que obrigou a Prefeitura a abrir outro espaço para o CCA.

“Como em nenhum momento a Prefeitura demonstrou interesse por aquele galpão, a comunidade voltou a se organizar e ocupou o espaço, em 2012. Desde esse tempo, a gente tem defendido que o galpão seja um local cultural e que defenda pautas relacionadas à defesa dos Direitos Humanos para a região”, disse Fernando ao CCN Notícias.

Fernando explica que, no geral, as periferias, e o Jardim Damasceno, em particular, não têm áreas livres. As poucas que existem são áreas de disputa pelo poder financeiro e de grupos políticos. “Nós, como ainda não temos a concessão definitiva para o uso do espaço, nos sentimos fragilizados, tal é o assédio desses grupos que partem pra cima com grande interesse econômico. Isso não é ilegítimo, mas a forma como se dão as pressões é que são. Estamos naquele espaço, praticamente há 30 anos, temos um currículo respeitável de ações e iniciativas voltadas aos interesses da comunidade. Somos, na verdade, um verdadeiro Centro Cultural da Cidade e isso, certamente, incomoda. Quando você faz um trabalho comunitário com respeito às diversidades culturais, certamente, você vai enfrentar os protestos dos conservadores, inclusive de grupos políticos partidários”, finalizou.

O Espaço Cultural do Jardim Damasceno precisa ser preservado e a comunidade está convidada a conhece-lo.

Para saber mais, acesse: https://www.facebook.com/pages/Espa%C3%A7o-Cultural-Jardim-Damasceno-ecjdamasceno/102048411348119


 

671ec733 e672 4a96 8b07 b365e880d0fd

Bolsas de valores