Os resultados promissores de várias vacinas que estão em desenvolvimento no mundo e também no Brasil contra a Covid-19 trazem esperança para que possamos superar a situação aflitiva e triste que vivemos. Nosso país, pela tradição que tem no desenvolvimento de várias vacinas, entre nossas instituições públicas e parcerias com a Fundação Oswaldo Cruz e Instituto Butantan, também vem trazendo resultados satisfatórios. É muito importante garantir vacinação contra a Covid-19 para todos os brasileiros que possuem indicação e, para isso, precisamos de esforços para que sejam incorporadas no SUS diversas técnicas de vacinas.

O Brasil possui força em projetos de vacinação graças ao nosso Programa Nacional de Imunização que é reconhecido mundialmente. Assim como outros países do mundo, precisamos com urgência traçar uma estratégia que certifique vacinas contra a Covid-19 para todos, isso é importante para salvar vidas e recuperar a economia. Para isso, quanto mais projetos de vacinas incorporados no SUS, melhor para alcançarmos essa meta para que todos os grupos prioritários estejam protegidos e para redução da taxa de transmissão.

O anúncio do governo federal sobre o plano de vacinação não deixou claro quais são as fases e metas para proteção dos brasileiros, do jeito que foi apresentado, só metade da população será vacinada e abre mão de incorporar várias vacinas que estão em desenvolvimento, uma postura absurda.

Vão surgir vacinas especificas para adultos, gestantes, crianças e idosos ou até mesmo vacinas com dificuldade de armazenamento, como é o caso dessa da empresa Pfizer, anunciada pelo Reino Unido com 95% de eficácia, mas que precisa estar conservada em refrigeradores a - 70ºC. Ela não pode ser a priori descartada, pois poderia ser alternativa para vacinar profissionais de saúde e usuários de grandes hospitais.

O governo Bolsonaro declarou o descarte desta vacina alegando que o país não possui condição para o armazenamento ideal. Vale lembrar que além dessa, Bolsonaro também desconsiderou a incorporação da vacina chinesa, a Coronavac, que está em desenvolvimento no Instituto Butantan em parceria com uma estatal chinesa, em clara postura xenófoba e ideológica.

É muito preocupante esta postura do governo brasileiro diante de toda a mobilização mundial para aquisição de vacinas. O desmonte do SUS, a retirada de R$ 35 bilhões do orçamento atual para a área da saúde em 2021, nos mostra o que, infelizmente, será traçado pelo Ministério da Saúde: nem todos terão acesso à vacina da Covid-19 pelo SUS no Brasil.

Por isso, vamos pressionar no Congresso Nacional para que nosso país não desperdice as oportunidades de salvar vidas, apresentando medidas que assegurem a oferta de vacinas para todos com base científica, assim como já estão fazendo outros países também com sistemas públicos de saúde no mundo e que já garantiram a vacinação de sua população, a partir de janeiro de 2021.

Alexandre Padilha é médico, professor universitário e deputado federal (PT-SP). Foi Ministro da Coordenação Política de Lula e da Saúde de Dilma e Secretário de Saúde na gestão Fernando Haddad na cidade de SP.


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