No sábado, dia 21 de janeiro, o Brasil tomou conhecimento da tragédia que se abate sobre o povo Yanomami, no estado de Roraima, com a visita do presidente Lula e diversos ministros à reserva indígena invadida por um número próximo de 20 mil garimpeiros.

Deixados à própria sorte pelo governo genocida de Jair Bolsonaro, os Yanomamis estão morrendo de inanição e vitimados por doenças decorrentes da falta de saneamento básico, água potável e condições mínimas para uma vida digna. Os rios e fontes da reserva indígena estão contaminados por mercúrio e outras substancias tóxicas liberadas pela prática ilegal do garimpo. Pelo menos 570 crianças morreram e um número não revelado de adultos.

A visita do presidente Lula e seus ministros evidenciou a extensão da tragédia, mas evidenciou também que o Brasil agora tem um governante preocupado com seu povo e atuante para defender a vida e os direitos de todos os brasileiros, de todas as origens e, sobretudo, aqueles que compõem os segmentos mais vulneráveis do nosso país. Remédios, água e alimentos estão sendo distribuídos desde aquele sábado, um hospital de campanha foi providenciado e, finalmente, aquela comunidade está recebendo o atendimento que lhe foi negado durante todo o governo anterior.

A APEOESP está participando desse esforço de solidariedade. As 94 subsedes estão abertas a receber doações de alimentos não perecíveis, que serão enviados ao Ministério da Saúde, órgão responsável para que cheguem ao destino. Os endereços e telefones podem ser encontrados em www.apeoesp.org.br.

O governo Bolsonaro não apenas se omitiu frente a essa questão, mas atuou objetivamente para que ela ocorresse. A cada momento vêm à tona novas informações que podem levar integrante do governo anterior à prisão. Primeiro, já se sabe que integrantes do Exército atuavam junto aos garimpeiros para alertá-los sobre operações da Polícia Federal, Ibama, Funai e outros órgãos. A então Ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves, solicitou a Jair Bolsonaro o veto ao envio de leitos e água potável aos Yanomamis e foi atendida. Bolsonaro destinou em 4 anos R$ 872 milhões a uma ONG evangélica que não realizou qualquer trabalho junto à comunidade indígena.  Tudo indica que o indigenista Bruno Pereira, assassinado juntamente com o jornalista inglês Dom Phillips, em 2022, teria sido demitido da FUNAI porque pretendia fazer ampla denúncia sobre o que vinha acontecendo na área.

Os fatos são tão aterradores que a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil está levando o caso ao Tribunal Penal de Haia, como crime contra a humanidade. E, pela primeira vez, um inquérito foi aberto no Brasil para apuração de crime de genocídio.

Quando pensamos nesse tipo de acontecimento, no farra que Bolsonaro, seus aliados, seus filhos e outros parentes fizeram com o dinheiro público, torrando mais de R$ 75 milhões com uso de cartões corporativos e no papel desempenho pelo ajudante de ordens do ex-presidente, Coronal Mauro Cid, que está sendo investigado por operar um esquema de caixa 2 dentro do próprio Palácio do Planalto, nos damos conta da grandiosidade da vitória que o povo brasileiro alcançou no dia 30 de outubro de 2022, elegendo o presidente Lula e afastando essa verdadeira quadrilha do poder.

São muitos crimes a investigar e punir. Se é verdade que o governo federal, juntamente com o Supremo Tribunal Federal, as lideranças no Congresso Nacional e outras instituições reagiram à altura ao golpe de 8 de janeiro, e até o momento continuam atuando para localizar, prender e julgar os responsáveis por aqueles atos e seus financiadores, nossa democracia precisa ser defendida todos os dias, em todos os momentos.

Agiu bem o presidente Lula em trocar o comandante do Exército, pois o anterior se omitiu ou atuou em favor dos terroristas que atacaram as sedes dos três poderes. Fez bem em retirar os bolsonaristas dos comandos da Polícia Rodoviária Federal, da Polícia Federal, do Gabinete de Segurança Institucional, dos demais órgãos federais, em todas as áreas. Mas quem verdadeiramente garante a defesa da nossa democracia é o povo, por meio de suas organizações, dos movimentos populares, das entidades sindicais, das organizações estudantis e da juventude.

Assim, como nos indignamos com a situação dos Yanomamis, devemos continuar nos indignando com a fome e a penúria que atingem de forma mais grave 33 milhões de brasileiros e com as variadas formas de insegurança alimentar a que milhões de pessoas estão submetidas neste momento. A verdadeira democracia, para além da garantia do funcionamento regular das instituições, é aquela que viabilizará solução emergencial e estrutural para esse grave problema, assim como será capaz de viabilizar o atendimento das principais demandas do nosso povo.