Entre ações de direito de resposta e representações eleitorais, a Coligação Brasil da Esperança, do candidato a presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva (PT), ajuizou, somente ente os dias 11 e 12 de outubro, 18 ações questionando inserções em rádio e TV, assim como blocos da campanha à reeleição de Jair Bolsonaro.

No cardápio, as mentiras mais deslavadas. Destacam-se propagandas sobre “votações em Lula nos ambientes prisionais”, sendo que pela legislação, preso é proibido de votar; “número de votos em municípios superiores ao número de eleitores”, outra mentira de Bolsonaro questionando o sistema eleitoral, sendo que relatório de um grupo de militares do Exército indicado pelo próprio Bolsonaro para investigar as urnas não encontrou uma só falha em todo o País; “vinculação de Lula a atos de violência praticados por presidentes de outros países” ou “atos vinculando Lula ao crime organizado”, entre outras tantas acusações sem pé nem cabeça.

Muitos desses pedidos já estão sob análise do Tribunal Superior Eleitoral ou receberam determinação para que a campanha de Bolsonaro os retirasse do ar.

No entanto, o episódio mais escandaloso e que chega a gerar asco em que toma conhecimento, foi a “denúncia” proferida pela ex-ministra e senadora eleita Damares Alves (Republicanos-DF), segundo o qual haveria a existência de uma suposta rede de tráfico e crimes sexuais contra crianças paraenses, principalmente, às da Ilha de Marajó. Damares disse que essas crianças estariam sendo levadas, através da fronteira, para a Guiana Francesa e teriam seus dentes arrancados para não morderem na hora do sexo oral ou ainda serem alimentadas com produtos pastosos para facilitar o sexo anal. As denúncias caíram feito uma bomba, mas levantaram muitas suspeitas. Primeiro, a Ilha de Marajó não faz fronteira com a Guiana Francesa, tem o Amapá no meio; segundo, não há nenhum registro na Justiça Federal do Pará sobre o assunto e o próprio ministério das Mulheres e dos Direitos Humanos não conseguiu entregar um documento se quer que comprove o que disse a ex-ministra.

Acuada pela Justiça, pois se sabia sobre as ocorrências, prevaricou, porque não tomou providências e, ato contínuo, teria seu mandato cassado, em entrevista à Rádio Bandeirantes, nessa quinta-feira, 13, admitiu que “mentiu” sobre o episódio e culpou o povo por relatar esses fatos a ela.

Eis aí os riscos das chamadas ‘fake news’, nomenclatura em inglês que corresponde a “notícia falsa ou mentirosa”, no português, geralmente para que o seu propagador tenha algum ganho pessoal, político e ou financeiro. E isso é crime. Mas, se é crime, porque ela está por aí a atazanar a paciência de todos?

Um político mentir para o povo não é novidade para ninguém, mas, a sua instituição é novidade. Às vésperas das mobilizações antidemocráticas promovidas por simpatizantes do governo de Jair Bolsonaro, o Planalto editou, dia 6 de setembro de 2021, uma medida provisória (MP 1068/21) que altera o poder das redes sociais de moderar conteúdos e remover perfis que violem seus termos de serviços.

Sob alegação de que a MP garante a liberdade de expressão, o governo altera o Marco Civil da Internet e a Lei de Direitos Autorais e, segundo especialistas, dificulta o combate à desinformação e ao discurso de ódio. Por isso, que o próprio presidente, a ex-ministra Damares e tantos outros sentem-se à vontade para mentir deliberadamente. O país vive o período eleitoral. No dia 30 de outubro, o pais volta às urnas para decidir o futuro. Ou escolhe a retomada de um país descente e que se faça respeitar ou o atola de vez no lodaçal da mentira, da truculência, do ódio e da barbárie. A mentira contada por Damares, por exemplo, entre outras tantas de gente desse governo, não podem passar impunemente.


 

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