O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez nesta sexta-feira, 16, um novo pronunciamento para lembrar o Dia Mundial da Alimentação. Em um discurso consistente, recheado de números e informações, Lula falou sobre a volta da fome no Brasil, que já é sentida por milhões de brasileiros, e apontou a destruição da política de Segurança Alimentar aplicada no país, depois da deposição da presidenta Dilma Rousseff, como a responsável pela desregulamentação de preços e desabastecimento dos produtos de primeira necessidade, como arroz, feijão e leite. “Não podemos aceitar a naturalização da fome”, disse o ex-presidente.
Segundo o IBGE, mais de 10 milhões de pessoas já passam fome no País. Lula lembrou a contradição que esses números revelam, já que o Brasil é um dos maiores produtores de alimentos do mundo e a cada ano bate recordes na safra de grãos.
O ex-presidente criticou o governo federal que acabou com o CONSEA (Conselho Nacional de Segurança Alimentar) que, durante os governos Lula e Dilma, compravam o excedente produzido na época da safra para garantir estoque regular de alimentos à população com preços acessíveis na entre-safra, além das políticas de distribuição da renda, como o Bolsa Família. Lula lembrou ainda que a pandemia do novo coronavírus não é o causador da crise no setor agrícola, mas a tentativa da destruição da Agricultura Familiar e dos assentados do MST e a entrega da produção agrícola aos especuladores e atravessadores. . O quadro de desabastecimento e preços altos já vinha se manifestando antes da crise pandêmica e agravou-se agora. Segundo o Lula, o agronegócio representa, basicamente, a produção de soja voltada à exportação, em detrimento de uma política de alimentação do povo brasileiro.
O ex-presidente lembrou em seu discurso o quanto o Auxílio Emergencial é importante para garantir a sobrevivência do brasileiro desempregado nesse momento. É, por tanto, urgente que o Congresso Nacional aprove a Medida Provisória 1000 (MP1000) para que o valor do Auxílio volte a ser R$ 600,00 até o fim dessa crise. O que vale lembrar que o governo federal precisa ter coragem para propor uma reforma tributária que taxe as grandes fortunas e, assim, garanta receitas para o financiamento do Auxílio Emergencial.