O ex-presidente Lula, em viagem recente pelo Nordeste, encontrou-se com várias lideranças políticas que participaram, direta ou indiretamente, do golpe de 2016 contra Dilma Rousseff. Essa “repactuação”, vamos chamar assim, aponta para a reedição da grande aliança de 2002 que o conduziu ao Palácio do Planalto. A intenção agora é, novamente, vencer as eleições nas urnas, mas também tomar posse e governar.

A mais recente declaração de apoio à candidatura Lula foi a da ex-petista Marta Suplicy. Muita gente dentro do Partido torceu o nariz. Mas, nessa perspectiva, uma golpista a mais ou a menos não faz diferença.

Pelo visto, o chamado “centrão” vai novamente ser o principal “partido” do Congresso Nacional e base de apoio ao governo Lula. Aliás, seria base de qualquer vencedor das eleições de outubro de 22. A reeleição do Deputado Federal Arthur Lira (PP-AL) à presidência do Congresso Nacional, em fevereiro de 2023, é dada como certa. Mas, cá entre nós, Lula sabe como ninguém negociar o toma lá da cá da velha política brasileira.

Como todos nós sabemos, o “centrão” é um câncer que surgiu na política brasileira, durante a Constituinte de 1987. Naquele processo, os deputados discutiam o mandato da velha raposa José Sarney. Aprovou-se quatro anos e a instituição da reforma agrária. O que aconteceu? Inúmeros deputados romperam com seus partidos de origem e formaram um grupo político conhecido como “centrão”. O resto da história é conhecida: Sarney ganhou mais um ano de mandato (5 anos ao todo), a reforma agrária nunca saiu do papel e o tal grupo político fortaleceu-se e existe até hoje em todos os níveis, federal, estadual e municipal.

O “centão” é composto por um conjunto de partidos políticos que não possuem orientação ideológica específica. Tem como objetivo assegurar uma proximidade com o poder Executivo, de modo que lhe garanta vantagens políticas e financeiras, além da distribuição de privilégios por meio de uma vasta rede de clientelistas.

No entanto, o principal desafio de 2022 será acabar com o governo Bolsonaro e recuperar os direitos perdidos pelos trabalhadores ou pelo menos, grande parte deles.

O problema é que, antes disso, é preciso ganhar a eleição. E, de preferência, no primeiro turno para ceder pouco num primeiro momento. Depois, garantir a posse do presidente Lula. Ou vocês acham que o bolsonarismo aceitará a derrota facilmente? Farão de tudo para impedir a posse!

Quero um governo de esquerda! Mas, acredito que vou ter que me contentar com um “governo possível”. Infelizmente, simples assim. Mas, prefiro um governo possível à continuidade do governo Bolsonaro. Com ou sem ele, porque a direita brasileira tentará emplacar Dória, Moro, Leite ou outra variante qualquer até meados de 22. Sempre é bom lembrar que FHC surgiu em abril de 1994, quando todas as pesquisas davam como certa a vitória de Lula no primeiro turno. Espero, sinceramente, que a história não se repita.

As pesquisas de intenção de votos, que indicam vitória de Lula, na verdade, neste momento, servem mais para aglutinar a direita em torna de um candidato que possa fazer frente a Lula e apresentar um projeto de continuidade de destruição do Brasil com suas privatizações, terceirizações, retirada de direitos dos trabalhadores e perda da nossa soberania. No frigir dos ovos, a direita se unificará com Bolsonaro.

Por tudo isso, prefiro um “governo possível”. Quero e desejo que o povo sorria novamente. Que sonhe de novo e tenha esperança de mudanças. Sem medo de ser feliz. Lula presidente.


 

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