O retorno às aulas presenciais está no centro do debate da retomada das atividades no país. Com pouco mais de 35 milhões de vacinados, com segunda ou dose única da vacina (cerca 17% da população brasileira) o governo federal, por meio do ministro da Educação, defendeu, em rede nacional, o retorno às aulas.

Como o retorno fica a critério dos estados e municípios, segundo decisão do Supremo Tribunal Federal, em 2020, acredito que, em primeiro lugar, para a volta das aulas presenciais é imprescindível que as secretarias estaduais e municipais façam diagnóstico conjunto sobre a efetividade - ou não - da decisão neste momento.

Para esta análise, a Vigilância em Saúde da cidade deve estar alinhada com a Unidade Básica de Saúde (UBS) e a escola. Não basta apenas proteger o estabelecimento de ensino, mas sim, toda a comunidade em volta dele, já que este processo envolve defender a vida dos alunos, professores, trabalhadores da educação e familiares. Deve ser muito bem organizada a forma de transporte desses profissionais e alunos e a estrutura seguindo protocolos sanitários de segurança.

O ambiente escolar precisa ser livre da Covid-19, professores e estudantes devem estar em um espaço que promova saúde e segurança para a comunidade escolar. Por isso, é necessário a garantia de estruturas para a lavagem das mãos, janelas abertas, número adequado de alunos por sala e todos os profissionais da educação devem estar imunizados com as duas doses da vacina.

O monitoramento da vigilância sanitária no ambiente escolar deve ser permanente com testes para diagnóstico e monitoramento de casos suspeitos e confirmados.

A volta às aulas presenciais não pode ser decidida a toque de caixa pelos estados e municípios. Sabemos da preocupação de pais e mães com o desenvolvimento educacional de seus filhos fora do ambiente escolar, mas ainda há muitos riscos para isso sem que boa parte da população esteja vacinada.

Para voltar, é preciso que todos os profissionais do setor estejam vacinados e que estados e municípios garantam estrutura escolar que não coloque em risco também os pais, mães, avós e avôs que muitas vezes moram na mesma casa dos estudantes.

Autoria
Alexandre Padilha é médico, professor universitário, Ministro das Relações Institucionais da Presidência da República e deputado federal licenciado (PT/SP). Foi Ministro da Coordenação Política no primeiro governo Lula, da Saúde no governo Dilma e Secretário da Saúde na gestão Fernando Haddad na cidade de SP. É colaborador do CCN Notícias
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