A disputa pelo comando da Prefeitura na cidade de São Paulo segue nacionalizada e, portanto, ainda sob o véu do “nós” contra “eles”. A poeira ainda está longe de baixar e isso ajuda a compreender a corrida entre Guilherme Boulos e Ricardo Nunes como a “esquerda democrática” versus “direita” em aliança com a “extrema-direita” bolsonarista.
Os resultados das pesquisas de intenção de votos na Capital confundem-se com a avaliação que os paulistanos têm da gestão de Lula e os problemas que esses mesmos paulistanos enfrentam no dia-a-dia. É por isso que acreditamos ser de extrema urgência o debate político travado pelas forças de esquerda ir além do centro expandido da cidade. A campanha de Boulos deve continuar seguindo em direção aos bairros mais afastados desse centro. Ir onde mora a maioria dos trabalhadores de baixa renda, que ganha de um a três salários mínimos e que não recebe os benefícios do governo federal.
Na realidade, essa importante fatia de moradores representa, aproximadamente, 40% dos paulistanos. São trabalhadores maltratados e desassistidos pelo poder público. Moram muito longe de seus empregos, em territórios sem as benfeitorias da urbanização e submetidos a serviços públicos básicos de péssima qualidade. Não há moradia descente, faltam espaços para lazer e cultura, saúde, educação e segurança.
As pesquisas qualitativas demonstram e comprovam as más condições em que vivem esses trabalhadores. Portanto, é mais do que necessário, a esquerda resgatar o protagonismo dos bairros em defesa de uma “Cidade para Todos”.
Guilherme Boulos e Marta Suplicy, uma vez na Administração Municipal, representam, definitivamente, as reais mudanças e emprego de políticas públicas que alcançarão, enfim, a chamadas “pessoas invisíveis” nesses territórios. Mas, para isso, é preciso focar no diálogo e, sobretudo, trazer essas pessoas para o debate público. Até porque, sabemos muito bem que muitas iniciativas do governo federal dependem e só se realizam sob colaboração com a Prefeitura. É aí que o processo eleitoral se transforma em um momento crucial para apresentarmos nossas propostas e mostrar as realizações das gestões da esquerda e do governo Lula e, assim, demonstrar a capacidade de empreender e do potencial dos nossos projetos para a cidade de São Paulo.
São muitos os desafios. Mas, acreditamos que, dessa forma, poderia haver uma reversão das expectativas dessa desacreditada parcela da população, muitas vezes, iludida pelo populismo, pelo clientelismo e pelas falsas promessas.
No entanto, essas políticas públicas não passam somente pela eleição de Boulos e Marta, mas também pela eleição de uma bancada de vereadores comprometida com esses candidatos. Aliás, o ordenamento político só muda se na Câmara Municipal estiverem vereadores que acreditam nas mudanças e na reversão das carências na cidade. Vereadores e vereadoras que acreditem, formulem e votem favoravelmente em projetos de lei voltados ao desenvolvimento sustentável, a uma cidade inteligente, com tecnologia inclusiva, segurança, mobilidade urbana, moradia digna, saúde e educação de qualidade e cultura. Enfim, uma cidade menos desigual e para todos.
Eleições para a Prefeitura de São Paulo
DataFolha
6 de julho de 2024
Pesquisa DataFolha, publicada na última sexta-feira, 5, revela que o atual prefeito, pré-candidato à reeleição, Ricardo Nunes (MDB) tem mais apoio entre os mais pobres, enquanto o deputado federal, Guilherme Boulos (PSOL), lidera entre os que recebem de 2 a 10 salários mínimos. Vejam.
Quem recebe até 2 salários mínimos
- Nunes 26%
- Boulos 15%
- Datena 15%
- Marçal 9%
- Marina Helena 8%
Quem recebe entre 2 e 5 salários mínimos
- Boulos 28%
- Nunes 23%
- Marçal 12%
- Datena 8%
- Tábata 7%
Quem recebe entre 5 a 10 salários mínimos
- Boulos 37%
- Nunes 21%
- Marçal 12%
- Tábata 11%
Este artigo contou com a colaboração de João Galvino, ex-subprefeito de Cidade Tiradentes; Mestre em História, pela PUC-SP e Pós-Graduado em Gestão Pública, pela Unifesp; autor dos artigos “Filmagens Periféricas”, “Educação Integral” e “Os desafios das Creches Conveniadas”.