O Centro de Atenção Psicossocial de Perdizes divulgou relatório na semana passada, no qual faz apelo ao país para a necessidade de mais investimentos em programas de saúde mental.

O documento afirma que, por conta da pandemia da Covid-19, os casos de depressão e ansiedade aumentaram 25% no primeiro ano do surgimento do novo coronavírus, enquanto apenas 2% dos orçamentos nacionais de saúde são destinados a essas enfermidades.

Não há dados específicos atualizados sobre a aplicação de verbas nessa área no País, mas no geral os recursos federais têm minguado. Em 2016, sob Dilma Rousseff, o governo federal financiava 27% do orçamento total da saúde na cidade de São Paulo. No ano passado, o índice repassado pelo governo Bolsonaro correspondeu a apenas 15%.

No Brasil, nos últimos cinco anos, a crise econômica com o elevado número de desempregados, está levando muitos brasileiros a abandonar os convênios de saúde particulares e migrar para o SUS (Sistema Único de Saúde).

Essa defasagem de recursos e o aumento da demanda por atendimentos de saúde mental na rede pública não estão sensibilizando a gestão Ricardo Nunes (MDB). Além de não priorizar investimentos para ampliar os serviços de saúde mental, a Prefeitura ainda dificulta o acesso dos usuários aos tratamentos adequados.

Movimentos de saúde, servidores públicos, conselheiros gestores e usuários travam atualmente luta contra a precarização dos serviços e até o risco de fechamento em um importante equipamento na cidade.  

Trata-se da mobilização para salvar o CAPS (Centro de Atenção Psicossocial) Perdizes, bairro da região centro oeste da cidade. Atos públicos e passeatas de protesto engrossam o movimento.

Não é para menos. O cenário do prédio é de abandono com quatro salas interditadas, consultórios improvisados e farmácia em condições precárias. Uma área de risco do imóvel chegou a ser interditada pela Defesa Civil.  

 “O quadro revela o estado de avançada deterioração do CAPS Perdizes e prejudica o atendimento diário da população que necessita dos seus serviços, assim como limitam os objetivos de atendimento acolhedor aos seus usuários e servidores”, afirma documento divulgado pelo movimento.

O descaso vai além das precárias condições físicas. Desde março, a Prefeitura suspendeu o fornecimento de alimentos aos usuários, transferindo para os servidores a responsabilidade pela elaboração das refeições, preparadas hoje com produtos das doações. As refeições integram o projeto terapêutico da unidade.

A omissão da Secretaria Municipal de Saúde com o CAPS segue o clássico roteiro das gestões tucanas e agora do MDB.

Primeiro, as instalações deixam de passar por manutenção periódica, os serviços ao público são sucateados com quadro profissional esvaziado. Depois, o capítulo final é a entrega dos serviços para alguma Organização Social da Saúde (OSS).