A Diretoria de Ensino Norte 2 (DE-Norte 2) tem ciência e garantiu que está investigando todas as irregularidades denunciadas por professores e pais de alunos na própria DE e no Ministério Público. Assessoria da Diretoria de Ensino afirmou que a supervisora responsável pela Escola, profa. Márcia Pelissari, acompanha semanalmente o desenrolar das denúncias feitas ao CCN Notícias sobre a tentativa irregular da diretora, profa. Valdenice de Oliveira Rodrigues Moura, de transformar a escola em período de tempo integral. Se as denúncias forem confirmadas, a Diretoria de Ensino poderá afastar ou até a exonerar a diretora, mas só depois de terminar as investigações e ouvir todas as partes. A Diretoria, no entanto, não tem prazo para terminar essas investigações. 

Na semana passada, um grupo de professores que preferiu o anonimato procurou o CCN Notícias para relatar o que acontecia na EE Elza Saraiva.

Nesta quarta-feira, 28, outro professor, que também preferiu não ser identificado, detalhou duas grandes irregularidades cometidas pela diretora da escola: a votação para transformar a escola em tempo integral e a formação do Conselho.

Em relação à urna fraudada, o professor conta que, a diretora da escola convocou o segmento dos pais para debater a escola integral. Em seguida, haveria votação. Compareceram 63 pais que assinaram a lista de presença. Mas, a diretora não permitiu que os professores contrários ao modelo de PEI permanecessem na sala. A urna estava naquela sala. “Ao final da conversa, a vice-diretora saiu com a urna debaixo do braço e a levou para ser aberta e os votos contados. Qual não foi nossa surpresa, quando contamos e havia 130 votos na urna”, contou o professor. Um flagrante delito.

O professor conta que, “imediatamente, entramos em contato com a Diretoria de Ensino que, inclusive, nos orientou a anular a urna, mas a diretora, além de negar a fraude, culpou os pais”, disse indignado.

Outra irregularidade que teria sido cometido pela diretora da EE Elza Saraiva, profa. Valdenice, foi a formação do Conselho de Escola. Segundo o relato do professor, a diretora começou errando ao não convocar eleições democráticas para a formação do Conselho, em fevereiro, como exige a lei. Ao contrário, a formação foi por indicação dela, o que é irregular. Pressionada, a diretora convocou eleições, mas perdeu por duas vezes. Mas, ela insiste em tentar reformular o conselho, segundo os seus critérios: não avisar ninguém ou o fazer em cima da hora, além de não permitir que os candidatos que a criticam possam conversar com os demais professores e funcionários, pais e alunos. Essas irregularidades também foram protocoladas na Diretoria de Ensino e no Ministério Público.

O que diz a Apeoesp

O coordenador da Subsede Norte da Apeoesp, professor Darlécio Norato Victor, que acompanha o desenrolar dos acontecimento na EE Elza Saraiva Monteiro, diz que muitas escolas da rede estadual instaladas na Zona Norte vivem o mesmo drama dos professores e pais de alunos da EE Elza Saraiva. “O governo continua indicando às escolas a se tornarem escolas de período integral e nós, da Apeoesp Norte, estamos orientando os professores e à comunidade escolar sobre essa mudança não ser positiva, nem para o professorado e, muito menos, para os alunos”. Segundo o coordenador da Apeoesp Norte, nesse modelo de Período Escolar Integral, dificilmente o aluno do ensino médio conseguiria conciliar um emprego com os estudos, o que o obrigaria a deixar de estudar. “O que o governo faz é propaganda. A escola não vai mudar a vida dos alunos, pelo contrário, vai piorar”.

Em relação ao professorado, Darlécio avalia que aqueles professores que acumulam cargos, dificilmente conseguiriam mantê-los nesse modelo. “Nós estamos atendendo quaisquer professores da rede que tenham dúvidas sobre esta questão e explicar o que é, de fato, uma escola de período integral”. Darlécio apontou, por exemplo, as ameaças que o grupo gestor da EE Elza Saraiva vem cometendo contra os professores de não atribuir aulas àqueles que forem contrários ao Período Integral no ano que vem. “Já houve um caso de extinção arbitrária do contrato de um professor categoria ‘O’ que vinha explicando à comunidade sobre as consequências da transformação da escola”.

Para o professor Walmir Siqueira, membro da Diretoria Executiva da Apeoesp e da coordenação da Subsede Norte, “é um absurdo, além de tudo, a diretora da Escola, a cada três meses, colocar em votação o mesmo projeto já rejeitado por pais, alunos e professores, como se fosse  desocupados. Isso é um desrespeito à comunidade escolar. Os pais saem do trabalho, reúnem-se, debatem o projeto, votam e rejeitam o PEI na escola, mas aí, ela chama outra votação. Sabe o que é isso? É tentar ganhar pelo cansaço e impor o projeto do governo. E o pior é que a Diretoria de Ensino sabe disso faz tempo e não toma providências, deixa isso acontecer. Enquanto isso, ela pressiona os professores, principalmente os da categoria ‘O’ que, evidente, têm medo de perder o emprego”, diz.

A presidenta licenciada da Apeoesp, Deputada Professora Bebel, também vê com preocupação esta questão. “Estou acompanhando de perto, não só o caso da EE Elza Saraiva, mas de inúmeras escolas no Estado que também tentam impor um modelo de Programa de Ensino Integral que todo mundo já percebeu ser excludente e não traz benefícios algum, nem para professores, nem para os alunos. A pressão do governador Rodrigo Garcia (PSDB) para transformar as escolas em PEI, nesse modelo, é um absurdo”, diz.