Não gostaria de abordar novamente esse tema, mas acontecimentos se sucedem, causando-nos muita preocupação e a necessidade de estarmos não apenas atentos, mas dispostos a mudar o estado de coisas em que nos encontramos.
Nesta quinta-feira, 1/9, a Vice-Presidenta da República Argentina, Cristina Kirchner, sofreu um atentado com arma de fogo em Buenos Aires. Não fosse a providência divina, que fez com a arma do agressor não disparasse, Cristina estaria morta, pois a pistola – carregada com cinco projéteis – estava a poucos centímetros de seu rosto. O autor do atentado, que foi preso, é um brasileiro. Poucas horas antes, havia postado em redes sociais elogios ao presidente Jair Bolsonaro.
Nesta mesma quinta-feira um deputado atirou com arma de fogo dentro do comitê eleitoral do PSDB, irritado com o cancelamento de uma reunião. Em Ribeirão Preto, nosso companheiro Fábio Sardinha, diretor estadual da APEOESP, foi ameaçado por homem por ter em seu carro adesivos com apoio aos candidatos de esquerda de sua preferência.
São apenas alguns fatos que ilustram o inaceitável e preocupante clima de intolerância que estamos vivendo no Brasil e que, infelizmente, pela mão de um brasileiro, se espalha para a vizinha Argentina. Preocupa-nos a segurança de nossas lideranças, quando o processo eleitoral deveria ser um momento de esforço de todos para que encontrem soluções para os graves problemas que nosso país atravessa.
A sociedade brasileira não pode normalizar a violência política, assim como é preciso superar a violência social que cotidianamente faz vítimas entre a juventude negra e periférica, entre as mulheres, pessoas LGBTQIA+, trabalhadores do campo que lutam por um pedaço de terra para plantar. Não podemos, sobretudo, considerar normal que pessoas eleitas para governar o nosso país estejam na dianteira do incentivo à violência, às agressões físicas e morais, à disseminação de notícias falsas contra adversários.
Combater a violência e as tentativas de desacreditar o processo eleitoral e a democracia não são questões partidárias e sim de afirmação do direito à vida e à cidadania. É tarefa de todas as cidadãs e de todos os cidadãos rejeitarem qualquer solução que esteja fora do Estado democrático e que não represente reduzir a fome, a miséria, o desemprego, o analfabetismo, a violência, o desalento, a desesperança do povo.
O Brasil quer paz para crescer, se desenvolver e se construir como nação soberana, justa e democrática.