Estamos vivendo no Brasil um momento de extrema gravidade, indignação e muita tristeza pela ocorrência de tantos incêndios na Amazônia, no Pantanal e em tantas regiões do nosso país, inclusive no estado de São Paulo e em torno da nossa cidade de Piracicaba.

O clima extremamente seco, que favorece a queima rápida das florestas, é retroalimentado pelos incêndios, tornando a situação muito preocupante, afetando a saúde da população e levando ao agravamento de desequilíbrio no meio ambiente. Fauna e flora sofrem danos irreparáveis.

O Brasil concentra mais de 70% dos incêndios na América do Sul. São dezenas de milhares de focos de incêndio apenas nos últimos dias, que ocorrem em sua absoluta maioria em propriedades particulares, iniciados de forma criminosa, muitas vezes com propósito de preparar terreno para pastagens e plantações extensivas para exportação, outras vezes até mesmo por razões políticas. De acordo com a Polícia Federal, neste momento 52 pessoas e organizações suspeitas de participação nestes incêndios são investigadas. Vêm ocorrendo prisões em alguns estados.

A saúde das pessoas vem sendo seriamente afetada. De acordo com fontes oficiais, na cidade de São Paulo foram registradas 76 mortes por síndrome respiratória aguda grave, em decorrência do agravamento das queimadas, que causam a presença de partículas tóxicas na atmosfera. Apenas na cidade de São Paulo foram mais de 1.500 notificações da síndrome respiratória aguda grave, entre a segunda quinzena de agosto e o início de setembro. Problemas como bronquite aguda, quadros de sinusite, conjuntivite e até infecções de pele são esperados em cenários como o atual, com alta das queimadas.

No município de Piracicaba e na região próxima a situação também é muito grave. Houve e há ocorrências em torno da Rodovia Luiz de Queiróz, na proximidade do Horto do Tupi, com residências próximas, na região de Santana, na Rodovia Samuel de Castro Neves, na Fazenda Ibicatu e em outros locais. Reitero: a maioria absoluta dos incêndios são causados por pessoas de forma criminosa.

A situação é tão alarmante que a Ministra do Meio Ambiente e Emergência Climática, Marina Silva, estimou que até o ano de 2100 o Pantanal e parte da Amazônia deixarão de existir, serão extintos seus biomas, caso persista a prática criminosa das queimadas. Outras fontes, ligadas ao Instituto Nacional de Pesquisas Aeroespaciais projetam essa situação para o ano de 2070, se algo não for feito desde já. Por isso, o governo federal está estudando forma de confiscar as terras de proprietários e fazendeiros que promovem queimadas.

Considero que o contexto atual exige a mobilização conjunta de todas as esferas do poder público e da sociedade civil. Percebe-se que, apesar da mobilização na esfera federal, os órgãos responsáveis pela preservação do meio ambiente sofrem as consequências do desmonte promovido durante o governo Bolsonaro, onde prevaleceu a política permissiva e destrutiva do ministro Ricardo Salles, que pretendia fazer “a boiada passar”, com a destruição da legislação protetiva do meio ambiente. Órgãos como o Ibama, por exemplo, ainda carecem de pessoal e meios para exercer o seu trabalho.

Se não tivermos o engajamento decidido dos governadores, dos prefeitos, dos representantes do povo nas Câmaras Municipais, dos sindicatos, associações, igrejas e todas as formas de organização social para denunciar, coibir e combater os incêndios, a situação poderá continuar se agravando. Em Piracicaba, é preciso colocar toda a população em alerta para fiscalizar e denunciar qualquer tentativa de incendiar matas ou plantações. A vida humana e a saúde de todos vêm antes de quaisquer interesses econômicos ou políticos.

Este também é o pacto que venho propondo em defesa do Rio Piracicaba, um patrimônio inestimável do povo piracicabana, que é preciso preservar de forma sustentável e perene. Educar nossas crianças, jovens e adultos para que possamos promover o desenvolvimento sustentável em nossa cidade é urgente e fundamental. É preciso reduzir a influência de negacionistas do clima, que teimam em negar o óbvio, favorecendo crises como a que estamos vivendo. Meio ambiente saudável é sinônimo de vida, para humanos, animais, plantas, todos os seres.

Autoria
Professora Bebel é deputada estadual pelo PT, segunda presidenta licenciada da APEOESP e candidata a Prefeita em Piracicaba
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