Entidades históricas, organizadas e representativas do autêntico Carnaval de Rua de São Paulo divulgaram uma nova nota contra o Prefeito da cidade, Ricardo Nunes (MDB), e a Secretária Municipal da Cultura, Aline Torres, após coletiva de imprensa concedida no último dia 2 de fevereiro. Os blocos culpam a Prefeitura por terem que, praticamente, abandonar o Carnaval de Rua de 2023. Segundo levantamento da própria Secretaria Muncipal de Cultura, o número de blocos desse ano será 25% menor em relação ao Carnaval de 2020, pré-pandemia.
Segundo a “Carta Manifesto à Cidade de São Paulo” divultada nesta semana foram vários motivos que levaram esses blocos a desistirem de participar do Carnaval; dificuldades econômicas no pós-pandemia; falta de incentivo e de edital de premiação que ajudaria muito nos desfiles; falta de diálogo com a Prefeitura e de planejamento. Os responsáveis por esses blocos acusam a prefeitura de realizarem inúmeros encontros com eles, mas em nenhum deles, nem o Prefeitura e nem a Secretaria de Cultura, foram capazes de responder perguntas básicas e fundamentais como o porquê houve mudanças repentinas e unilaterais dos horários e trajetos dos desfiles dos blocos; não foram capazes de responder sobre a localização exata dos banheiros químicos; sobre o fechamento de ruas – amplamente solicitada – bem como serviços de saúde e gestão de resíduos. Mas, segundo os dirigentes dos blocos não faltaram ameaças, outras decisões autoritárias e de mão única.
“O número de reuniões não significa comunicação direta e transparente. Das 25 reuniões entre blocos e sub-prefeituras, não foram explicados pontos básicos”, diz o Manifesto.
Os blocos queixam-se que “não é de hoje que nosso carnaval de rua livre, democrático e diverso tem sofrido constantes ataques à liberdade da manifestação artística plural, e hoje isso se acirra, num contexto que fortalece a mercantilização da festa em detrimento dos blocos, verdadeiros fazedores de carnaval. Ser o maior carnaval de rua do Brasil não nos interessa. Queremos ser um carnaval alegre, divertido, colorido e pluridiverso, mas sem pretensões de competições sem sentido.”
Os autênticos foliões dizem que a Prefeitura quer usar o mesmo molde organizativo da Virada Cultura, do Reveillon e do Carnaval do Sambódromo para o Caranval de Rua. “Isso não é suficiente para abarcar a complexidade da cultura popular. O que vemos é a completa incapacidade da gestão da cidade em perceber isso e propor um modelo próprio e inteligente para o Carnaval de Rua”.