"Todos os cogumelos são comestíveis, alguns, apenas uma vez". Ditado popular.

Em 15 de fevereiro de 2022, observatórios espaciais de diversos países, registraram a maior explosão solar dos últimos anos.

A nossa estrela lançou uma bolha de gás eletrificado (plasma) com elevadíssima temperatura por milhões de quilômetros no espaço.

A sorte estava conosco; essa explosão foi em direção contrária ao planeta Terra.

A distância de, aproximadamente, 150 milhões de quilômetros do Sol e o campo magnético nos ajudam em explosões como essa.

A Terra e a Lua formam um sistema gravitacional ampliado que nos protege dos efeitos danosos da radiação solar, mas não de todos.

Em 1859, uma grande tempestade solar queimou as redes de telégrafos e foram registradas auroras boreais até no Caribe e Havaí, e ficou conhecido como evento Carrington (sobrenome do astrônomo que o documentou), essa foi a maior tempestade solar registrada na atualidade.

As tempestades solares interagem com o campo magnético, produzindo espetaculares auroras boreais no norte e auroras austrais no sul do planeta, mas nem tudo é espetáculo.

Em Quebec, Canadá, no dia 13 março de 2012, uma tempestade geomagnética solar causou apagão na cidade e queima de equipamentos elétricos.

Se um evento Carrington acontecer novamente, causará grandes estragos, danificando satélites, centrais elétricas, redes de transmissão de energia e de comunicação.

Os países mais perto do pólo norte ou do continente antártico serão mais afetados.

Nos últimos 70 anos, a nossa tecnologia avançou com o desenvolvimento da eletricidade e da eletrônica.

Se você mora numa casa (infelizmente, muitos moram nas ruas), o chuveiro é elétrico, a água chegou por uma bomba elétrica, seu celular, televisão, fogão, máquina de lavar, geladeira e iluminação funcionam com eletricidade. A internet, o GPS, o sistema bancário, os cartões de crédito dependem de satélites que orbitam o planeta.

Estamos desenvolvendo equipamentos que diminuam o impacto de uma tempestade solar e os sistemas de distribuição de energia tem protocolos de desligamento preventivo para um evento deste porte.

Os telescópios e as sondas espaciais fazem o aviso antecipado, monitorando o Sol.

Mas, além dos avanços das tecnologias, é preciso uma revolução civilizatória.

Nos últimos dois anos, 14 milhões de pessoas nos Estados Unidos compraram uma arma pela primeira vez.

Diante de um apagão de dias ou semanas, se o vizinho bater na porta para pedir um copo de açúcar, será recebido com um sorriso ou uma arma apontada para sua cabeça?

A iluminação com lâmpadas LED em Heliópolis, a maior favela de São Paulo, diminuiu os estupros e roubos na comunidade, segundo a Prefeitura Municipal.

Um grande evento de apagão vai nos levar à barbárie ou acirrar a barbárie que já vivemos?

No momento, há guerra na Europa, na Somália, no Iêmen, na Síria e em outras partes do mundo.

Uma sociedade de paz e solidariedade é cada vez mais necessária.

Essa tecnologia social nós já temos:

Hoje morremos mais de obesidade do que de fome, apesar da fome está voltando em muitos lugares.

Temos uma situação sanitária nunca vista na história da humanidade (precisa avançar mais), com água potável, esgoto e coleta de resíduos para bilhões de pessoas.

Temos mais casas fechadas ou abandonadas na cidade de São Paulo, do que sem-teto nas ruas (apesar do aumento de pessoas em situação de rua).

Temos convivência harmônica de diversos povos com respeito mútuo, comércio e turismo.

Temos vários indicadores que indicam aumento da igualdade entre homens e mulheres (embora o patriarcado ainda seja dominante) e a luta das mulheres tenha muito a fazer.

Cabe a cada um de nós, ampliarmos essas conquistas civilizatórias mudando nossa cultura para incluir o respeito aos animais e ao planeta.

Os humanos podem e devem ter uma sociedade de solidariedade, fraternidade e cooperação.

Mas temos um inimigo poderoso: o Deus Dinheiro e sua organização, o capitalismo.

A disputa capitalista e o domínio imperialista mostrou que podem nos servir cogumelos atômicos como se fossem orgânicos e esse prato será o último.

Uma terceira guerra mundial é o fim da humanidade.

Claro que é mais fácil prever o fim do mundo do que o fim do capitalismo, mas é necessário a sua superação para uma civilização avançada.

De imediato, temos que afastar os dementes, psicopatas e suicidas do comando do mundo e desmontar os arsenais nucleares para construir uma sociedade de paz.

Enfim, o Sol é o menor dos nossos problemas, embora cientistas tenham descoberto no gelo da Groenlândia a "assinatura" de uma gigantesca explosão solar, há 10 mil anos, que coincide com o término da última era do gelo!

E, afinal, o Sol nasce para todos?

Autoria
José Paulo Barbosa é professor, escritor e militante de causas sociais e ambientais.
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