Quando as Naus de Pedro Álvares Cabral aportaram no litoral sul da Bahia, em abril de 1500, trouxeram em seus compartimentos alimentos nunca vistos por aqui: carneiros, galinhas, pão de trigo, confeito, vinho, mel e figos passados.
A tripulação logo se apressou em apresentar e oferecer os alimentos aos indígenas que encontraram. Surpresas a parte pela rejeição inicial das iguarias do além-mar pelos indígenas, começava aí a história da culinária brasileira. Os tupis, em troca, ofertaram aos portugueses a mandioca, de onde se fazia a farinha, a tapioca, o beiju, bebidas alcoólicas. Comia-se a mandioca na forma de farinha pura, misturada com carne, frutas ou vegetais. Podia ser assada ou cozida.
Os indígenas também conheciam a batata, o amendoim e o caju. Assim como, os indígenas recusaram o carneiro e a galinha, os portugueses, já instalados, detestavam a mandioca. No entanto, com o passar do tempo, a troca de iguarias passou a fazer parte do cardápio do país que acabara de nascer.
Os portugueses levaram à África, a mandioca e o amendoim. E para aqui, trouxeram a banana, coco, galinha, gado bovino, porcos, carneiros, gansos e o produto mais importante da culinária, o sal.
Origem Tupi
A nossa mandioca tem vários nomes, a depender da espécie ou da região do País: uaipi, aipim, castelinha, macaxeira ou maniva. O nome mais corrente, no entanto, é de origem tupi. Reza a lenda que o nome “mandioca” surgiu quando a filha de um chefe engravidou virgem, e dela nasceu a menina “Mani”, que viria a falecer um ano depois. Enterrada dentro de uma “Oca”, nasceu um arbusto cujas raízes serviriam de alimento.
Ainda hoje, a mandioca é um dos alimentos mais consumidos. É a base da cozinha típica da Zona da Mata, em Pernambuco. Para a farinha, os lavradores usam a mandioca brava. A macaxeira (conhecida como mandioca mansa ou doce) é usada para outros pratos.
Trecho de uma Carta de Pero Vaz Caminha ao Rei de Portugal
“O piloto Afonso Lopes tomou em uma canoa dois daqueles homens da terra, mancebos e de bons corpos (...) Trouxe-os logo, já de noite, ao Capitão, onde foram recebidos com muito prazer e festa (...) Acenderam-se todas as tochas; entraram e não fizeram nenhuma cortesia, nem de falar ao Capitão nem a ninguém. (...) Mostraram-lhes um carneiro, e não fizeram menção dele. Mostraram-lhes uma galinha; quase tinham medo dela, e não lhes queriam por a mão; e depois a pegaram, espantados. Deram-lhes ali de comer pão e pescado cozido, confeitos, bolos, mel e figos secos. Não quiseram comer daquilo quase nada, e, se de alguma coisa provaram, lançavam-na logo fora. Trouxeram vinho numa taça; mal lhes puseram à boca, não gostaram dele nada, nem o quiseram mais. Trouxeram-lhes água em uma bilha, tomaram bocados dela, e não beberam: somente levaram às bocas e lançaram fora.”
Carta a El Rey D.Manuel (1500)