É desesperador o Brasil ter vacinado até agora menos de 3% da população contra a Covid-19, mesmo tendo um Programa Nacional de Imunização exemplo para outros países. Vivemos momentos estranhos e impensáveis com Jair Bolsonaro na Presidência da República, que permanece não demonstrando indignação com as vidas perdidas.
Chegamos a 250 mil mortos por Covid-19, voltamos a registrar mais de mil mortes por dia, cidades estão com leitos de UTI lotados e decretando toque de recolher ou lockdown e não temos vacinas para todos, isso tudo após um ano do registro do primeiro caso da doença que é a maior tragédia humana que o país já enfrentou.
Quero ressaltar aqui, mais uma vez, que o Brasil tem condições e estrutura para vacinar a população, mas não é o que o governo Bolsonaro quer. Na pandemia de H1N1, o Brasil foi o país com um sistema público que mais vacinou no mundo.
Na pandemia da Covid-19, não há plano de vacinação e muito menos responsabilidade na aquisição de vacinas seja por xenofobia ideológica ou omissão, como com a rejeição da oferta de 70 milhões de doses da vacina da Pfizer, agora finalmente com registo definitivo dado pela Anvisa.
Só com a sociedade brasileira unida pressionando o governo federal e o Congresso Nacional por mais vacinas é que podemos fazer com que o Brasil saia da rabeira do enfrentamento da pandemia.
Aconteceu nesta semana a "Jornada Vacina para Todos Já", mobilização que reuniu entidades, parlamentares, especialistas e lideranças do movimento social para exigir que Congresso Nacional lute pela garantia de vacinas para todos, priorizando nesse momento os profissionais de educação, e para que sejam mantidos recursos no orçamento para saúde e educação em 2021.
Só com a firmeza na defesa do povo brasileiro é que vamos reduzir os danos da pandemia, salvar vidas e a economia. O Congresso Nacional, em especial os parlamentares de oposição ao governo, tem tido papel protagonista nas conquistas de direito dos brasileiros.
Na votação da Medida Provisória sobre a vacina, não permitimos que fosse liberada a compra de vacinas pelo setor privado, o que eu chamo de “Camarote da Vacina”. Bolsonaro queria que fosse criada uma fila privada para vacina, o que faria com que quem tem dinheiro fosse vacinado na frente de quem não tem.
Um total absurdo! Uma vacina, ao ter autorização emergencial da ANVISA, tem que ser exclusiva para o SUS, se uma empresa quiser comprar vacina, vai ter que doar para o SUS e clínicas privadas só podem vacinar depois que todas as metas do SUS forem cumpridas.
Vamos continuar exigindo que o governo federal garanta a compra de todas as vacinas aprovadas pela Anvisa, faça distribuição necessária de insumos e que todos os brasileiros tenham prioridade de vacinação.
*Alexandre Padilha é médico, professor universitário e deputado federal (PT-SP). Foi Ministro da Coordenação Política de Lula e da Saúde de Dilma e Secretário de Saúde na gestão Fernando Haddad na cidade de SP.