Em 2019, sem a pandemia da Covid-19, o Brasil foi considerado o país com maior número de pessoas ansiosas no mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). No ano anterior ao início da maior tragédia humana que o país já enfrentou e que tirou a vida de mais de 560 mil de pessoas, cerca de 18,6 milhões de brasileiros foram diagnosticados com o transtorno.

De acordo com pesquisa “One Year of Covid-19”, do Instituto Ipsos para o Fórum Econômico Mundial, divulgada em abril de 2021, mais da metade dos brasileiros entrevistados (53%) afirmaram que sentiram piora de sua saúde mental desde o começo da pandemia. No mundo, essa taxa é de 45%.

O medo, a insegurança do contágio, a dor da perda de amigos e familiares, o receio da ausência do emprego e as mudanças do ambiente de trabalho com a implementação do home office,  são as consequências da crise sanitária que trazem sequelas físicas e emocionais.

O trabalho em casa além de muitas vezes não oferecer a estrutura necessária ao empregado, pode ocasionar o desenvolvimento de dores musculares (em especial na coluna em decorrência da má postura), muitas vezes excede o horário estabelecido.  No caso das mulheres, esse cenário é ainda pior já que muitas fazem duas e até três jornadas diárias. É cada vez mais comum relatos de estafas mentais ou até mesmo perda de produtividade.

Diante deste cenário, é preciso estabelecer novas medidas que reduzam os riscos dos trabalhadores, que vão além dos físicos, mas também psicológicos e psicossomáticos. Estudos apontam os riscos psicossociais em diversos segmentos e o empregador negligenciá-los é silenciar a dor mental do ser humano.

Pensando nisso, apresentei na Câmara dos Deputados o Projeto de Lei 3588/2020 que solicita a inserção de medidas de prevenção, intervenção e gestão dos riscos psicossociais por parte do empregador na lei de Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).

A pandemia da Covid-19 não trouxe apenas sequelas físicas a quem felizmente não veio a óbito pela doença, mas também consequências emocionais muito dolorosas a todos nós. Por isso, precisamos lutar em defesa de todos que sofrem e por um SUS que possa cuidar da nossa saúde mental baseada na defesa da liberdade e da vida.

Autoria
Alexandre Padilha é médico, professor universitário, Ministro das Relações Institucionais da Presidência da República e deputado federal licenciado (PT/SP). Foi Ministro da Coordenação Política no primeiro governo Lula, da Saúde no governo Dilma e Secretário da Saúde na gestão Fernando Haddad na cidade de SP. É colaborador do CCN Notícias
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