A cidade de São Paulo, a maior metrópole da América Latina, entre os países lusófonos e de todo o hemisfério sul, completa, hoje, 25 de janeiro, 467 anos. Uma cidade cosmopolita. Amada, porém cheia de problemas. Cantada em verso e prosa, São Paulo era, há 4 anos, a 11ª cidade mais globalizada do planeta, certificada pela Globalization and World Cities Study Group & Network (criada pela Universidade de Loughborough, Reino Unido, para pesquisar as grandes cidades do mundo quanto aos negócios internacionais, sustentabilidade, política urbana e logística).
Nesses anos todos, São Paulo transformou-se em uma cidade mundialmente conhecida por ser influenciadora, seja do ponto de vista cultural, econômico ou político. Em São Paulo encontra-se o berço da industrialização, da agricultura, do comércio e dos serviços do País. Está aqui, a nata do capitalismo e da elite brasileira. É aqui que estão 63% das multinacionais estabelecidas no Brasil (menos a Ford que decidiu retirar-se do país). É responsável por mais de 30% de toda a produção científica nacional, tem a 5ª maior Bolsa de Valores do mundo. Sozinha, São Paulo representa 80% do PIB paulista e 30% do PIB nacional.
Mas, também é em São Paulo que estão as maiores organizações democráticas dos trabalhadores do mundo. A sede nacional da Central Única dos Trabalhadores (CUT), a 5ª maior central sindical do mundo, e a sede nacional do Partido dos Trabalhadores (PT), um dos maiores partidos de esquerda do mundo, com quase 2 milhões de filiados. Entre outros movimentos sociais com história e importância relevantes na organização do povo, como os Sem Terra, Sem Teto, LGBTQI+, Negros etc.
São Paulo possui o 10º maior PIB do mundo. É a 8ª mais populosa do planeta e sua região metropolitana, com 12,3 milhões de habitantes, é a 10ª maior aglomeração humana do mundo.
Pessoas oriundas de 196 países escolheram São Paulo e a região metropolitana (cidades que ficam no entorno) para viverem. Uma verdadeira megalópoles.
Aqui vivem o maior contingente de italianos (cerca de 60% da população paulistana tem alguma ascendência italiana), portugueses, japoneses, espanhóis, libaneses e sírios fora dos seus países de origem. Os judeus, lituanos e armênios também têm marcante presença. Além, é claro, do maior número de cidadãos da Região Nordeste do país, fora dos nove Estados da Região. Segundo o último censo de 2010, da população total, 61% eram brancos; 31 pardos; 6% negros (o que revela uma forte presença africana na composição da população paulista); 2,2% amarelos e 0,12% indígenas, além de 0,03% sem declaração.
Essa diversidade étnica talvez explique os números divulgados pelo censo do IBGE, quando 58% da população se declararam católicos; 22% protestantes; 9,8% ateus; 4,7% espíritas; e 1% entre umbandistas e candomblecistas, entre as principais.
São Paulo é destino de quase 15 milhões de turistas todos os anos. Dos quais 2,5 milhões de estrangeiros. Excluindo os próprios brasileiros, que são a imensa maioria, entre os estrangeiros, os norte-americanos são os que mais procuram São Paulo entre os meses de março a novembro, devido às feiras, shows, convenções e congressos. Os argentinos vêm em segundo lugar, seguido dos alemães, dos chilenos, dos portugueses, espanhóis, uruguaios, franceses e colombianos, pela ordem.
Além das atividades de negócios, os turistas vêm em busca de eventos de grande repercussão internacional, como a Bienal Internacional de Arte, o Grande Prêmio de Fórmula 1, a São Paulo Fashion Week e a Parada do Orgulho LGBTQI+. São Paulo também possui as maiores universidades e instituições de ensino do país e da América Latina.
O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) é alto (0,805), o 14º maior do Estado e o 28º do Brasil. Porém, a distribuição do desenvolvimento humano na cidade não é homogênea. Essa desigualdade tem razões históricas. A construção de São Paulo não foi planejada, o que facilitou a concentração de investimentos em determinados pontos da cidade, em detrimento da periferia.
A infraestrutura sanitária de São Paulo é a mais desenvolvida da América Latina. Tanto a rede pública, quanto privada. Aqui estão os melhores hospitais do país e a maior rede pública com 770 unidades básicas (UBS), clínicas ambulatoriais e de emergência, além de 17 hospitais.
Pólo indústrial, de serviços, de saúde, de educação, de esporte e cultura, São Paulo é diversa em quase tudo. Em problemas também.
Os conflitos de interesses entre o capital e o trabalho se revelam em grandes proporções. Ao ponto de, em plena pandemia do Coronavírus, o governador e o prefeito titubearem várias vezes entre ceder às pressões do capital, principalmente, dos empresários donos do poderoso comércio paulistano, entre eles, escolas da rede privada, e fechar a cidade por completo, decretar o distanciamento social e o uso de máscaras obrigatórios. A forma pendular como agem o governador e o prefeito da cidade, ambos do mesmo partido (PSDB), não seguraram o avanço da Covid-19, que já vitimou mais de 50 mil pessoas no Estado.
Os paulistanos reclamam muito dos vacilos e atropelos do prefeito e do governador, tanto que 77% são a favor da volta da renda básica para toda a população nesse momento, segundo pesquisas divulgadas pela ONG Rede Nossa São Paulo, em dezembro de 2020.
O paulistano também quer educação de qualidade e serviços de saúde mais bem distribuídos pela cidade. São Paulo também precisa, urgentemente, oferecer abrigo e oportunidades à população em situação de rua e que garanta uma renda mensal mínima a todos os cidadãos. Os paulistanos também reclamam da qualidade dos transportes públicos, que ainda não são adequados, apesar de caros.
Zona Norte
A Zona Norte de São Paulo, onde está sediado o CCN Notícias (Mandaqui), não foge à regra. Têm seus encantos, mas também, muitas contradições em seus 296 Km² de extensão e com 2,2 milhões de habitantes.
Historicamente, a região servia como acesso a municípios vizinhos, por meio da Estrada de Ferro Santos-Jundiaí ou via terrestre, para Campinas.
Seu desenvolvimento, de fato, ocorreu somente no século 20, devido à construção do Tramway Cantareira que ligava o bairro da Luz (centro), até Guarulhos, com um ramal até a Base Aérea de São Paulo, em Cumbica.
Na ZN, como é carinhosamente chamada, havia no passado fontes naturais de água (São Pedro, Gioconda, Fontalis e Cabuçu). Todas fechadas. Apesar de uma forte campanha para sua remoção, o Aeroporto Campo de Marte, o primeiro do município e o quinto mais movimentado do país ainda resiste em Santana; tem o Museu Aberto de Arte Urbana de São Paulo, primeiro do tipo no Brasil e no mundo; o Complexo do Anhembi, um dos maiores centros de exposições do país, onde é realizado o Carnaval Paulistano; o Terminal Rodoviário Tietê, o maior do país; o Shopping Center Norte, o Santana Parque Shopping e o Shopping Metrô Tucuruvi; o hotel Holiday Inn Anhembi; o maior do país; o Pico do Jaraguá, o ponto mais alto do município, além da Serra da Cantareira e do Parque da Cantareira, a segunda maior floresta urbana nativa do mundo. Devido aos seus 12 parques, a Zona Norte possui 4,67 m² de área verde por habitante, o que supera todas as regiões do município. Ainda tem o Horto Florestal que chegou a abrigar a residência de veraneio do Governador do Estado. O Parque Estadual Albert Lofgren (nome oficial do Horto) ocupa 1.740.000 m².
Se a ZN tem bairros, como Santana, que concentram melhores infraestruturas em todos os setores, outros bairros não tiveram a mesma sorte, como Freguesia, Brasilândia, Pirituba, Jaraguá e Perus.
Cenário de novelas e filmes, a região também é palco de crimes e acidentes que marcaram a história do país, como o Massacre do Carandiru, o Caso Isabella Nardoni e os acidentes aéreos do ex-piloto de Fórmula 1, José Carlos Pace e dos integrantes do grupo Mamonas Assassinas.
É na Zona Norte que está instalado um dos maiores jornais de circulação nacional do país, o Estado de S.Paulo. É aqui que moram vários artistas da música e do cinema e do teatro do País.
Mas, é aqui também que há uma das maiores concentrações de mortos pela Covid-19 de todo o Estado. A região da Brasilândia, lidera, infelizmente, esse ranking.
O paulistano, de modo geral, olha a cidade com dois olhos: ao mesmo tempo em que a vê cheia de oportunidades e maravilhas que o primeiro mundo oferece, a vê também como uma cidade violenta, desigual e injusta. Seus políticos agem tomados pelos próprios interesses e não do coletivo, o que ajuda a perpetuar as desigualdades sociais. O combate à corrupção e mais investimentos na periferia, diminuiriam os problemas crônicos da cidade. No entanto, a grande chave-de-ouro é a participação popular, a mobilização em torno das decisões político-administrativas da cidade, a fiscalização, a cobrança e a pressão popular seriam determinantes para reverter essa situação de descaso e de extrema injustiça praticadas em São Paulo. A começar pelos 55 vereadores da Câmara Municipal da Cidade.
De toda a forma, o CCN Notícias parabeniza essa megalópole chamada São Paulo e espera contribuir para que, a cada dia que passe, os anseios e objetivos desse povo sofrido que aqui vivem possam, um dia, experimentar uma nova forma de vida, com mais qualidade, fé e esperança no futuro.