A falta de médicos é um dos problemas crônicos da rede municipal de saúde e que impacta diretamente no atendimento, sobretudo, hoje com o aumento exponencial de contaminados pela variante Ômicron da Covid-19.
Estudo do professor da Faculdade de Medicina da USP, Mário Scheffer, mostra que, enquanto a demanda por serviços cresceu, assim como aumentou o número de equipamentos de saúde, o quadro de médicos encolheu 11% nos últimos 11 anos.
Em 2012, havia 14.402 médicos na soma dos concursados e dos contratados pelas Organizações Sociais (OSs). Hoje, a rede da cidade tem 12.757 médicos. É uma defasagem de 1.645 médicos.
Em termos proporcionais, em 2012 havia um médico para 788 pessoas. Em 2022, a proporção é de um médico para 972 pessoas. Houve uma piora de 19%.
Para manter a proporção de 2012, hoje seria necessário que a rede tivesse 15.731 médicos. Outro aspecto justifica a necessidade de ampliar o quadro de médicos e profissionais de saúde. Em 2012, a cidade dispunha de 891 equipamentos de saúde. Hoje, são 983 unidades de saúde.
Em recente audiência com Ministério Público e o Tribunal de Justiça, a Prefeitura se comprometeu a liberar no orçamento verba para as OSs contratarem 1.539 médicos.
Bom sinal. Mas é preciso sublinhar que essas contratações são em regime de Pessoa Jurídica, ou seja, não inibem a alta rotatividade e oferecem condições diferentes dos concursados.
A principal diferença é o vínculo. Segundo dados da própria Secretaria Municipal de Saúde, 63% dos trabalhadores das OSs permanecem no serviço até 5 anos.
A dura realidade é que há dois anos os profissionais de saúde trabalham até a exaustão na linha de frente do combate à pandemia. E agora com a Ômicron, o trabalho está redobrado.
Os médicos estão mobilizados e pedindo mais médicos e profissionais na rede para melhorar os serviços. Para isso, o Sindicato dos Médicos e o Sindicato dos Servidores Municipais (Sindsep) estão em jornadas de lutas, cuja principal pauta é a contratação de médicos para a Atenção Básica (UBS).
A sociedade tem manifestado apoio à justa causa dos médicos e solidariedade a todos os profissionais de saúde. Afinal, eles arriscam suas vidas para salvar vidas.
Por isso, que sejam efetivados concursos para termos um SUS em condições dignas aos profissionais da saúde e à altura das necessidades da população.