O Brasil está longe de superar a tragédia pela qual estamos passando. Estamos chegando a 450 mil mortos pela covid 19 e a vacinação dos brasileiros, infelizmente, caminha a passos muito lentos. Essa situação se agrava com os desnecessários conflitos provocados pelo governo Bolsonaro com a China, o que pode comprometer, e muito, a fabricação da Coronavac, dificultando ainda mais o processo de imunização.
Entretanto, alguns sinais surgem no céu enevoado. A instalação e funcionamento da CPI da Covid começa a lançar luz sobre todos os desmandos e irresponsabilidades do governo Bolsonaro na condução do combate à pandemia.
Além de confirmar muita coisa do que já se sabia, os depoimentos vêm trazendo elementos novos que demonstram que a tragédia brasileira não se deve apenas à incompetência do governo, mas a uma deliberada política de submeter a população ao contágio, buscando o que é chamado de “imunidade de rebanho”. O resultado são milhares de famílias enlutadas em todo o Brasil. Mais ainda, a demora na vacinação se deu porque Bolsonaro e seus aliados queriam impor ao país o ineficaz “tratamento precoce”, com Cloroquina e Ivermectina.
Ao trazer esses fatos à tona, de forma pública e oficial, nasce a esperança de que possamos em futuro breve ver a punição de quem agiu e age dessa forma criminosa e, talvez, em decorrência, termos a abreviação deste governo que tanto mal causa aos brasileiros.
Outras notícias positivas
Após nossa incessante mobilização, desde dezembro de 2020, o governo Doria finalmente anunciou que todos os profissionais da Educação, a partir de 18 anos, serão vacinadas em julho. Já havíamos conseguido uma vitória parcial, com a vacinação dos profissionais maiores de 47 anos. Lembremos que a vacinação da categoria sequer estava prevista no Plano Estadual de Imunização, lançado em 6/12/2020.
Mais um resultado na nossa luta, desta vez em nível nacional, foi a decisão do Senado de tirar da pauta o PL 5595/2020, aprovado na Câmara dos Deputados, que declara a Educação, “serviço essencial”. O presidente da Casa anunciou ainda que promoverá audiência pública sobre a volta segura às aulas presenciais. Empenhei-me pessoalmente nessa luta, enviando mensagem a cada senador e senadora, argumentando que Educação é direito essencial, não um serviço e que o PL visa tão somente forçar a volta às aulas presenciais em plena pandemia, além de dificultar o exercício do direito de greve.
As dificuldades do atual governo para continuar impondo a perda de direitos aos trabalhadores também se expressa na tramitação da reforma administrativa, que, se aprovada, institucionalizaria de vez o apadrinhamento político no serviço público. Significa que o trabalho de esclarecimento e mobilização do movimento sindical e de todos os que defendem serviços públicos de qualidade está dando resultados.
O resultado das eleições para a Assembleia Constituinte e prefeituras no Chile foi outra ótima notícia. Lá os partidos de direita e extrema-direita elegeram apenas 1/3 da Assembleia e, grande novidade, nela as mulheres serão a maioria. Na capital, Santiago, foi eleita uma prefeita de esquerda, oriunda das lutas populares, Iraci Hassler, filha de uma brasileira.
Que esses bons ventos venham a soprar também no Brasil, onde as primeiras pesquisas para 2022, após o ex-presidente Lula reconquistar seus direitos políticos, o mostram à frente, em condições de derrotar com grande diferença Jair Bolsonaro.
Que esses bons ventos continuem a soprar e nos ajudem a virar essa triste página da nossa história.
*Professora Bebel é Deputada Estadual e Líder da Bancada do PT e Presidenta da APEOESP