No dia 22 de março, mais de 10 mil profissionais da Educação, estudantes, pais, integrantes de movimentos sociais, parlamentares e outros setores da sociedade realizaram um ato no Vão Livre do MASP, na Avenida Paulista, deslocando-se depois em caminhada até a sede da Secretaria Estadual da Educação (SEDUC), na Praça da República, em São Paulo.
A manifestação fez parte do Dia Nacional de Luta convocando pela Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE). Houve atos em todos os 27 estados. Além da revogação da reforma do ensino médio, também estiveram na pauta pontos como a aplicação correta do piso salarial profissional nacional para todo o magistério, na forma de reajuste, cumprimento de Atividades Pedagógicas Diversificas (APD) em local de livre escolha dos professores (alguns chegam a ficar 12 horas por dia dentro da escola), devolução dos valores descontados dos aposentados, fim do subsídio e carreira justa e atraente, fim do Programa de Ensino Integral (PEI), que não melhorou a qualidade do ensino, exclui estudantes que trabalham e massacra os professores, educação de qualidade inclusiva para todas as crianças e jovens e muitas outras.
No dia 16 de março, tive a oportunidade de promover uma audiência pública na Assembleia Legislativa que teve a participação de mais de 400 pessoas, a maioria jovens estudantes, que querem educação de qualidade nas escolas públicas e não aceitam a grande defasagem de suas escolas em relação aos bons colégios privados. Querem ensino médio que atenda seus interesses, como filhos e filhas da classe trabalhadora.
A reforma do ensino médio reduziu drasticamente a carga horária de matérias fundamentais, sobretudo História, Geografia, Ciências, Artes, Sociologia, Filosofia, mas também reduziu Português e Matemática como disciplinas curriculares. Quarenta por cento de todo o currículo agora se dá na forma de “itinerários formativos”, cuja pretensão é combinar conhecimentos de diferentes matérias. Na prática isso não ocorre. A maioria das escolas consegue oferecer poucos itinerários e muitas criam “soluções” fáceis e superficiais que em nada contribuem para a formação dos estudantes.
O resultado disso são jovens deixando o ensino médio sem preparação adequada para o Enem, para o vestibular, para prosseguir estudos em nível superior ou para obter sucesso profissional no mundo do trabalho.
No dia 7 de março, quando estive a convite do presidente Lula, no Palácio do Planalto, em seu gabinete, falei sobre a urgência de revogar essa reforma do ensino médio, obviamente debatendo-se as mudanças necessárias para que este nível de ensino atenda às necessidades dos estudantes e do país. Ele foi muito receptivo e declarou posteriormente que determinou ao Ministro da Educação que conduza esse processo.
Em São Paulo também estamos cobrando da Secretaria da Educação o mesmo encaminhamento. O mais rico estado da Federação não pode ter um ensino de baixa qualidade, que condena a juventude oriunda da classe trabalhadora a exercer funções de baixa remuneração por não ter recebido a formação adequada.
Em todo o estado de São Paulo, a APEOESP continuará liderando esse movimento, buscando o envolvimento de todos os segmentos, organizando mobilizações, audiências públicas, aulas públicas, panfletagens, entrevistas e todas as atividades que deem corpo à campanha “Revoga já!”, que estamos realizando. Se você tem interesse em participar, procure a subsede da APEOESP na sua região.