De acordo com a última pesquisa Datafolha, 71% dos brasileiros acreditam que os preços vão continuar subindo em 2021 e o pior é que, provavelmente, a maioria dos brasileiros não está errada.
De acordo com os economistas, o primeiro trimestre de 2021 tem uma forte tendência de crescimento da inflação, devido alguns fatores que podem ser apontados desde já, como é o caso do dólar.
Com o fraco desempenho da economia no próximo trimestre, devido ao fim do auxílio emergencial e à segunda onda de Covid-19, o dólar tem todos os indicativos para se manter com um valor elevado, acima dos R$5,00, o que deve pressionar os preços para cima de duas formas: primeiro, tornando os produtos importados substancialmente mais caros (o que influencia no preço de qualquer produto que tenha um ou mais componentes ou ingredientes vindos do exterior) e, segundo, pelo fato de que com a possibilidade de vender seus produtos a preços elevados no mercado externo, a agricultura brasileira será estimulada a reservar parcelas maiores da produção para a exportação o que, consequentemente, eleva os preços internos por causa da diminuição da oferta.
Outro fator que colabora para o aumento da inflação e que deve pesar no bolso do trabalhador é a questão dos transportes públicos: devido à pandemia, o preço das passagens de ônibus e metrôs foi mantido em 2020 e, por efeito da diminuição drástica de passageiros, as empresas arcaram com grandes prejuízos no decorrer do ano. Para 2021, é esperado um aumento nas passagens que represente a correção dos últimos dois anos somado a um aumento que arque com o prejuízo das empresas em razão da pandemia. Dificilmente, alguma cidade ou estado do Brasil vai conseguir não aumentar de forma considerável esses preços. Além disso, o ano de 2021 pode ser um ano de combustível caro, o que não só prejudica os motoristas, como também impacta toda a logística de distribuição de alimentos e produtos que, no Brasil, é muito dependente dos caminhões.
Com essa perspectiva negativa, economistas consultados pelo Banco Central acreditam que a inflação vai estar próximo dos 6% em maio – o que corrobora a visão da população. Dificilmente, escaparemos desses aumentos no começo do ano. A incógnita que fica é se esse cenário catastrófico vai se manter no decorrer de 2021 ou se os aumentos do primeiro trimestre serão amortizados.