O professor do curso de Jornalismo da Universidade Estadual Paulista (Unesp) Juarez Xavier contou à TV 247 (e reproduzida pelo CCN Notícias) a história de Antonieta de Barros, feminista e primeira parlamentar negra, responsável pela celebração do Dia dos Professores, comemorado em 15 de outubro.
Xavier contou que a população negra ao redor do mundo foi protagonista na luta pela educação. Nos EUA, por exemplo, no período seguinte à abolição da escravidão, os negros eram boa parte daqueles que lecionavam. “Eles tinham na educação um foco importante das suas ações”, disse o professor. Essa ação foi decisiva no processo de emancipação da população negra.
No Brasil, ao contrário, há uma tentativa de se bloquear o acesso do negro à educação.
“Há um tempo eu li uma pesquisa de que a presença dos negros no sistema educacional era relativamente grande, com professores na educação, isso no período de transição do trabalho escravizado para o trabalho livre. Com o passar do tempo, e com a política da eugenia e essa tentativa de embranquecimento adotada em áreas de visibilidade e de formação, é que a população negra foi perdendo espaço na educação, até chegar à situação que nós temos hoje”, completou.
Para o professor, a Fundação Cultural Palmares, hoje sob o comando do negacionista Sérgio Camargo, precisa reconhecer e destacar mais a figura de Antonieta de Barros por tudo que representa: a luta pela educação, pelos direitos das mulheres e pelo povo negro. “Se não fosse a situação que nós enfrentamos hoje na Fundação Cultural Palmares, de estar sob intervenção de uma política anticivilizacional, talvez nós teríamos uma ação nacional muito mais significativa, mostrando quem de fato foi essa mulher, a importância que ela teve no debate político da sua época, a posição vanguardista que ela assumiu em determinados momentos nos debates políticos, e talvez nós teríamos uma projeção maior da figura dessa mulher, dessa importante ativista política negra”, destacou.