Assim quiseram os deuses, a coincidência, o destino ou o que você quiser acreditar: no dia do aniversário de 468 anos da cidade de São Paulo, morresse, nos EUA, de Covid-19, o guru do bolsonarismo, o escritor Olavo de Carvalho.

Os principais jornais e sites noticiosos do país praticamente ignoraram ou reservaram um espaço bastante reduzido em suas publicações sobre o aniversário de São Paulo. Mas, não pouparam espaços para destacar a morte do guru bolsonarista.

O Bom Dia São Paulo, da Rede Globo, levou ao ar duas matérias emocionadas. Ambas, destacaram a diversidade cultural de São Paulo, as belezas e suntuosidades dos prédios do Centro e do Centro expandido, depoimentos emocionados de paulistanos e de outros brasileiros que optaram por viver na cidade sobre o quanto é maravilhoso morar em São Paulo. Mas, as mesmas reportagens não mostraram a pobreza extrema que tomou conta e aumenta no Centro e o abandono das autoridades. Segundo levantamento da Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social (Smads), feito pela Qualitest Ciência e Tecnologia, a população de rua aumentou 31% de 2019 até hoje. A periferia, escondida no noticiário, está cada vez mais abandonada e isso tudo num cenário em que a variante ômicron da Covid-19 avança, faz vítimas, lota hospitais de infectados e a gente assiste perplexo a falta de testes nas UBSs e nas UPAs para a população detectar se tem ou não tem a Covid, embora prometidos pela Prefeitura.

Na Brasilândia, Zona Norte, os moradores não têm o que comemorar. A situação é extremamente grave. Não há profissionais da Saúde suficientes para o atendimento da população. Os que têm, trabalham no limite, sem folgas e doentes. Os conflitos entre moradores desesperados por atendimento e profissionais em razão da demora e falta de assistência são constantes e os casos aumentam. Faltam remédios e os hospitais estão superlotados. Obras das UBSs Jardim Damasceno e Jardim Brasília estão paralisadas. Não há concursos abertos para à Saúde.

No geral, por incrível que possa parecer, depois de quase dois anos de pandemia no Brasil e uma CPI no Senado que apontou o quê fizeram, por que fizeram e quem foram os criminosos negacionistas que causaram o verdadeiro morticínio no País, apenas 69% da população está com duas doses da vacina e o Ministério da Saúde ainda insiste em dizer que a Cloroquinia é eficiente. A vacina não.

Sem contar o desemprego, o subemprego, o racismo, a lgbtfobia, a falta de perspectivas da nossa juventude e etc. Os contranstes da cidade são visíveis. São Paulo Paulo pode até acolher, mas também afasta e assusta. Ainda deve muita satisfação ao seu povo. Não sei se merece um bolo de aniversário.