Você sabe qual é o salário do Prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB)? Não? Graças a uma Lei aprovada na Câmara Municipal, em dezembro de 2020, de autoria do próprio Executivo (à época, do prefeito Bruno Covas, do PSDB), os vencimentos do atual prefeito passaram a valer em 1 de janeiro de 22 de, aproximadamente, R$ 24 mil para R$ 35 mil. Um reajuste de 46,6%. Um gasto de R$ 51 milhões aos cofres públicos.
Os salários dos vice-prefeito e dos secretários também foram reajustados. O prefeito defende ainda o reajuste dos funcionários em cargos de comissão e do auto escalão municipal (subprefeitos, chefes de gabinete e secretários adjuntos). Isso tudo, em meio a um discurso severo de contenção de despesas, o que vem servindo de base para que a Prefeitura se recuse a negociar com os milhares de servidores públicos concursados a extrema defasagem salarial que sofrem há alguns anos. Para esse setor (enfermeiros(as), médicos(as), professores, agentes auxiliares, agentes funerários, agentes de endemias, guardas municipais entre tantos outros) a política salarial é 0%. Vale lembrar que os servidores também tiveram maior desconto na contribuição da Previdência no ano passado. Os servidores foram à greve contra o que chamaram de confisco dos salários. A Prefeitura cortou o ponto dos grevistas e recusa-se a negociar com o Sindsep, sindicato da categoria.
Na Câmara Municipal, os servidores em cargos de chefia e procuradores da Casa também foram agraciados com a aprovação de gratificações que podem chegar a R$ 30 milhões.
Os servidores ainda são os grandes prejudicados por essa estranha política da Prefeitura que, além de não reajustar salários, impede o direito do servidor à promoção e à progressão de carreira, conforme prevê o Estatuto do Servidor. Mas, o discurso oficial é que a prefeitura combate os privilégios nos serviços públicos. Mais do que estranho, é o cinismo do discurso.