Nesta semana o povo brasileiro assistiu estarrecido mais um terrível espetáculo protagonizado pelo Presidente da República.

Ao convocar embaixadores de 60 países ao Palácio do Planalto para anunciar que não reconhece a lisura da votação em urnas eletrônicas e para fazer uma clara ameaça de não reconhecer o resultado das eleições de outubro – ou até mesmo inviabilizá-las – caso o Estado brasileiro não se dobre a suas exigências.

Essa chantagem é inaceitável. Ela desmoraliza o Brasil perante o mundo e representa um ato de alta traição, como bem caracterizou a presidenta nacional do Partido dos Trabalhadores, deputada federal Gleisi Hoffmann. Mais ainda, como bem disse o presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Ministro Edson Fachin, depois do negacionismo frente à pandemia da Covid-19, agora o Presidente da República propaga o “negacionismo eleitoral”.

O grau de desmoralização política, ética e moral desse senhor perante o Brasil e o mundo pode ser medida pelo silencio total que se seguiu ao seu vergonhoso pronunciamento. Os embaixadores presentes pareciam não acreditar no que haviam acabado de ouvir. Jornais importantes de todo o mundo repercutiram essa espanto e muitos deles expressaram o que todos já sabemos: Jair Bolsonaro está com muito medo de uma vitória esmagadora do Presidente Lula.

Entretanto, apesar da fanfarronice deste personagem, não podemos nos esquecer que seu negacionismo foi responsável por grande parte das quase 700 mil mortes de brasileiros na pandemia. Seu governo está levando o país a uma catástrofe social e a perda de direitos de tal monte que vem provocando um retrocesso de décadas. É preciso, sim combater suas ameaças.

Nesse momento, lideranças, dirigentes de entidades sindicais e movimentos populares, parlamentares e formadores de opinião de uma forma geral têm um importante papel a cumprir. Cabe a cada um de nós conscientizar as pessoas sobre a necessidade de participarem, de alguma forma, do processo eleitoral. Sobre a necessidade de votarem no dia das eleições – sem se deixarem intimidar por ameaças de nenhum tipo, rejeitando e combatendo a violência propagada pelos grupos bolsonaristas que, da mesma forma que seu chefe, estão apavorados com a perspectiva de perderem as eleições.

Dirijo-me particularmente aos professores e às professoras. Somos, por natureza, interlocutores privilegiados junto a amplíssimos setores da população. Temos um papel a cumprir. Dialoguemos com a população, para dizer que o amor pode, sim, vencer o ódio e a violência e que a mobilização social é o melhor antídoto contra qualquer aventura golpista. Tanto melhor se a esperança sair vencedora já no primeiro turno, enterrando de vez essa página obscura e trágica da nossa história.

Estamos no limiar da reconstrução do nosso país. Em São Paulo, podemos escrever uma página nova, com a valorização da educação, dos serviços públicos, da ciência, do conhecimento, da tecnologia, da melhoria da saúde pública e garantia de respeito, dignidade e direitos para a maioria da população paulista. Bravatas e ameaças não vão nos impedir.