Um grupo de professores da Escola Estadual Elza Saraiva Monteiro, no Jardim Peri, que preferem não se identificar para não sofrerem mais represálias, procuraram o CNN Notícias para denunciar o verdadeiro clima de terror instaurado na escola pela diretora Valdenice de Oliveira Rodrigues Moura.

Segundo um dos professores, esse clima terrível é fruto das práticas do PSDB, partido ao qual pertence o atual governador Rodrigo Garcia, que, diante da eminência de derrota nas próximas eleições, após 30 anos, parece orientar seus militantes a agirem de forma arbitrária para, a todo custo, implementarem políticas que estão sendo anunciadas no programa eleitoral do governador que tenta a reeleição.

Outro professor lembrou de uma recente matéria publicada no jornal O Estado de S. Paulo, segundo a qual, o candidato a deputado federal, o ex-secretário de Educação Rossielli Soares, se vale ilegalmente dos números de celulares de professores e trabalhadores da Educação cadastrados na Secretaria para utilizar em sua campanha eleitoral. “O PSDB como um todo não consegue agir dentro da Lei, quando se trata de impor o seu programa de PEI” (Programa de Educação Integral), diz o professor.

A PEI é um programa que, de acordo com o Sindicato dos Professores do Estado de São Paulo (APEOESP), está sendo rejeitado pela ampla maioria dos trabalhadores em Educação e pelas respectivas comunidades escolares em todo o Estado, devido ao seu caráter excludente. Na escola “Elza Saraiva”, por exemplo, de acordo com os relatos, cerca de 400 alunos teriam que abandoná-la se o PEI fosse aprovado. A Secretaria de Educação já anunciou que, até o final do ano, irá transformar mais de mil escolas em PEI.

Inabilidade

Além da contextualização do tal programa de governo, os professores apontam a inabilidade da diretora da Escola no trato com os professores, alunos e funcionários, como assédio moral e ofensas.

Além disso, o grupo denunciou uma fraude ocorrida durante a votação do Conselho de Escola, que iria decidir sobre o PEI. Segundo denunciaram os professores, foram contabilizados mais do que o dobro de votos na urna destinada aos pais dos alunos, do que as assinaturas coletadas na lista de presença na reunião que antecedeu a votação sobre a implantação do PEI. Esta urna estaria sob responsabilidade da direção da escola. Para eles, “uma fraude evidente”. O interessante, segundo revelou uma professora do grupo, é que aquela urna foi a única em toda a Escola que o voto ‘sim’ ao PEI foi vitorioso.

Mais uma derrota

Recentemente, a diretora da escola realizou outra votação e, novamente, perdeu. Desta vez, de acordo com os professores, a diretora passou a destilar seu autoritarismo sob os pais dos alunos. “Aos que votaram a favor do PEI, a diretora é só elogios, até cesta básica ela distribuiu, mas quem votou contra, ela persegue e maltrata”, diz um dos professores.

De acordo com os relatos dos professores, até os alunos estão sendo vítimas da diretora. O Grêmio Estudantil teria sofrido intervenção, perdido autonomia e os projetos dos alunos, paralisados.

Demissão

Os professores também apontam que a diretora não está dizendo aos pais sobre os reais motivos das demissões de colegas. “Eles foram perseguidos e demitidos, mas ela diz que eles pediram demissão”, relatam.

A direção da escola já foi denunciada na Diretoria de Ensino Norte II várias vezes, mas, segundo os relatos, “a impunidade continua”. A escola já foi denunciada também na Secretaria de Educação, no Ministério Público e na Justiça comum devido ao assédio moral que ocorre na escola.

A própria comunidade escolar também investiga indícios de irregularidades cometidas pela diretora Valdenice Moura, revelou os professores. Segundo eles, a diretora teria feito dívidas em lojas na comunidade, promovido uma “vaquinha” online para obter recursos à escola, mas sem prestar contas, e cobrar por alguns serviços, o que é ilegal; como aluguel de armários nas dependências da escola e por aulas extracurriculares. Os professores esperam que as denúncias façam com que as irregularidades terminem.

Um dos professores lembrou de uma citação da filósofa alemã Hannah Arendt (1906-1975) para explicar, pelo menos em parte, a situação vivida na escola. “A filósofa disse certa vez, ‘vivemos tempos sombrios, onde as piores pessoas perderam o medo e as melhores perderam a esperança’, no caso do Elza Saraiva, a citação se aplica em parte, embora as piores pessoas da escola tenham perdido o medo de fazer o mal, mas muitos pais, alunos e professores ainda não perderam a esperança!”, finalizou.