Mais de 400 pessoas, entre professores, estudantes e representantes de outros segmentos participaram da audiência pública “Por um Ensino Médio que Atenda aos Interesses dos Filhos e Filhas da Classe Trabalhadora”, realizada nesta quinta-feira, 16 de março, na Assembleia Legislativa.

Foi um importante momento de reflexão e debate sobre a necessidade de revogação da reforma do ensino médio e da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), impostas pelos governos dos presidente Michel Temer e Jair Bolsonaro, em 2016 e 2019.

Na oportunidade, tivemos falas consistentes de pessoas como o deputado Eduardo Suplicy; Heleno Araújo, presidente da CNTE; Roberto Leão, vice-presidente da Internacional da Educação; Maria Isabel Almeida, professora da Faculdade de Educação da USP; João Palma, professor aposentado da UNESP: Júlia Kpof, da UNE; Loretana Pancera, do CPP; Francisca Seixas, da CTB, Leandro Oliveira, do Fórum Estadual de Educação, Luana Bife, do Fórum Municipal de Educação de São Paulo; João Marcos de Lima, da AFUSE; Fábio de Moraes, da APEOESP; Michelle Schultz, da ADUSP e Fórum das Seis; Ariovaldo de Camargo, da CUT; Genilce Gomes, da Central de Movimentos Populares; vereador de São Paulo Hélio Rodrigues; vereadora Filippa Bruneli, de Araraquara. Também estiveram representadas a UPES, Liga do Professorado Católico, FETE, CENPEC, UNAS, MAB. Foram muito importantes e esclarecedores os depoimentos de dezenas de estudantes e professores presentes à audiência, que compartilharam suas experiências e os problemas que enfrentam no cotidiano das escolas.

Entre esses problemas está o radical empobrecimento do currículo escolar, comprometendo a formação dos estudantes, na medida em que reduziu-se a carga horária da Formação Geral Básica (Português, Matemática, História, Geografia, Ciências, Artes, Filosofia, Sociologia) no segundo e terceiro anos, ampliando para 40% da carga horária nesses anos a parte diversificada do currículo.

Nesses 40%, criam-se os chamados “itinerários formativos”, estimulando os estudantes, a supostamente, escolherem o que querem estudar. Isso representa um verdadeiro desastre do ponto de vista pedagógico, pois é necessário que todos os estudantes tenham acesso à mesma sólida formação de qualidade em todas as escolas do Brasil.

Essa reforma ampliou o abismo que já existia entre as escolas públicas e as boas escolas privadas. Na prática, temos uma escola “pobre” para os pobres e escolas de qualidade para os ricos.

Lembro que no dia 7 de março estive no gabinete do Presidente Lula, a convite dele, para debater assuntos ligados à educação e um dos pontos que enfatizei foi a necessidade de revogar a reforma do ensino médio e que esse nível de ensino propicie a formação integral, com qualidade, da nossa juventude.

Todos os participantes da audiência, indistintamente, destacaram em suas falas o caráter excludente e elitista dessa reforma, que precariza o ensino e dificulta sobremaneira o acesso das filhas e filhos da classe trabalhadora a uma formação rica e capaz de atender a um projeto de nação inclusivo e próspero.

Ouvir o coro dos estudantes e a sua vibração é um combustível importante para qualquer educador. Para mim, mais ainda. Trabalhar em prol deles, que tantas esperanças têm de um futuro melhor, é uma das razões que me fazem lutar todos os dias por uma Educação melhor!

Creio que saímos mais unidos e fortalecidos para enfrentar a luta para revogar esse "novo" ensino médio, qualificado como “uma porcaria”, e por uma educação que atenda aos interesses dos filhos e filhas da classe trabalhadora.

Ao final do encontro, foi lido um manifesto a ser subscrito por todas as entidades e movimentos presentes. Juntos, vamos revogar esse “novo” ensino médio e, assim, garantimos uma escola com currículo que garanta um aprendizado digno a toda nossa juventude.