Hoje, quero falar sobre um assunto que me preocupa muito e que, no meu entendimento, está sendo negligenciado pelos governantes e, lamentavelmente, também por uma parcela considerável da sociedade: a pandemia de Covid 19.
Eu partilho do desejo de todos pela volta à normalidade. Como já foi dito e analisado à exaustão, a pandemia foi e é um acontecimento traumático da vida da população mundial. O mundo todo ainda pranteia as mais de seis milhões de pessoas mortas pela doença e sofre as graves consequências da pandemia na economia e na vida social. A pandemia causou desemprego, fome, desamparo e não se tem ainda noção exata de todas as sequelas causadas pela Covid 19.
Quero me deter nesse ponto. Quando os governos e as pessoas relaxam em relação aos cuidados com a prevenção à doença, deixam-se levar pela constatação evidente de que o avanço da vacinação derrubou drasticamente a ocorrência de óbitos. Em determinado período, derrubou também as taxas de internações. Acontece que o vírus sofre mutações e a ocorrência de casos de infecção voltou a subir desde o início de maio, levando ao crescimento das taxas de internação. No estado de São Paulo, dados da Secretaria da Saúde apontam para um crescimento de 75% nos casos que requerem internação. E mais: ao desenvolver a doença, a pessoa tem grandes possibilidades de sofrer suas consequências durante muito tempo.
Diversos estudos, realizados em todo o mundo sobre as possíveis sequelas da Covid 19, apontam entre os problemas que podem persistir em pessoas que tiveram a doença: fadiga, dificuldades respiratórias, disfunção cognitiva e outras afecções do sistema nervoso, alterações inesperadas do ritmo cardíaco, arritmias, disfunções do sistema digestivo.
Ou seja, se é verdade que devemos comemorar, e muito, o fato de que a Covid 19 já não mata milhares de pessoas diariamente – e precisamos reconhecer e valorizar o trabalho dos servidores da saúde o Sistema Único de Saúde (SUS) pela dedicação e competência no combate à pandemia e na vacinação em massa dos brasileiros – temos que estar cientes de que essa é uma doença grave e não uma “gripezinha”.
Por isso, é responsabilidade do Governo do Estado que os números de casos de Covid 19 nas escolas estaduais estejam aumentando rapidamente. Sempre alertamos para a necessidade de que as escolas sejam consideradas locais de risco em função da grande concentração diária de pessoas. Em vez disso, o governo simplesmente revogou a exigência do uso de máscaras no interior das escolas e relaxou todas as medidas de prevenção. O resultado, previsível, se expressa nos números que estão sendo levantados pela APEOESP, o sindicato dos professores das redes públicas de São Paulo: quase 1.100 casos da doença, desde 11 de maio, em apenas 146 escolas estaduais. Se considerarmos que a rede estadual possui 3.700 unidades escolares, é evidente que esse número deve ser muito maior.
Por isso, como cidadã, parlamentar, mãe, professora, faço um apelo a todas e todos para que mantenham o uso das máscaras, continuem utilizando álcool e gel e higienizem as mãos com frequência e nos ajudem a cobrar do governo a volta dos protocolos sanitários em todas as escolas.
Defender a vida e a saúde vem sempre em primeiro lugar.