Magnânimo e superlativo, o ano de 2024 testemunhou o retorno de um titã do cinema: Ridley Scott que, aos seus 87 anos, nos brindou com a sequência de um clássico inconteste, "Gladiador" de 2000.
A obra, que se equiparara à grandiosidade de "Ben-Hur", "Spartacus" e "Cleópatra", tem essa sequência depois de quase 1/4 de século e refuta qualquer acusação de indolência ou oportunismo, haja vista a prolífica carreira do diretor, que, desde o primeiro "Gladiador", nos presenteou com quase duas dezenas de filmes, incluindo obras-primas como "Falcão Negro em Perigo", "O Gângster", "Prometheus" e "Napoleão".
A experiência cinematográfica contemporânea, infelizmente, encontra-se maculada por práticas nefastas, como trailers que dilapidam o suspense e sinopses que desvendam a trama por completo.
A falta de figuras como Rubens Ewald Filho e outros críticos que sabiam escrever sinopses agrava a situação. No caso de "Gladiador II", o trailer, por si só, revela informações cruciais, comprometendo a fruição da narrativa. Contudo, a maestria de Scott transcende as adversidades.
A fotografia, as atuações, as cenas de luta e os efeitos visuais, aprimorados em relação ao filme original, imprimem um ritmo frenético à obra, culminando em um turbilhão de emoções que repele qualquer vestígio de sonolência. As críticas que se apegam a "imprecisões históricas" revelam-se pueris, pois o cinema, em sua essência, é arte, não um compêndio de fatos.
A recriação do Coliseu, erguido com esmero artesanal em pleno Mediterrâneo, e as demais construções que evocam a Roma Antiga, conferem veracidade à narrativa, transportando-nos para a opulência do Império Romano. A presença de Connie Nielsen e Derek Jacobi, reprisando seus papéis como Lucilla e o senador Gracchus, respectivamente, evoca a nostalgia do filme original.
A atuação de Joseph Quinn, mais conhecido pela série "Stranger Things", como o imperador Geta, demonstra o talento da nova geração. Paul Mescal, que assume o papel principal, não possui o carisma de Russell Crowe, mas entrega uma atuação competente.
As adições de Pedro Pascal e Denzel Washington ao elenco revelam-se acertadas, com destaque para Denzel, que, em minha opinião, merecia o Oscar de melhor ator coadjuvante. Sua atuação, primorosa e cativante, rouba a cena desde o primeiro momento em que surge na tela. "Gladiador II" é uma obra-prima que merece ser apreciada e revisitada.
Ficha Técnica: * Filme: Gladiador II * Ano: 2024 * Diretor: Ridley Scott * Onde Assistir? Prime Video